A quadrilha dos três mal-amados

Imagem: Eliane Martins/CNSD/1967 – Acervo: Helena Rosa

| Fernando Py: O poema é mencionado numa carta de Manuel Bandeira a CDA, datada de 5.2.1925, que principia: “Só agora respondo à sua cartinha de boas-festas.”

E mais adiante: “Tenho lido os seus poemas ultimamente publicados, todos excelentes”, e cita “Quadrilha”, “Social” (possivelmente “Nota social” embora não conhecemos publicação deste antes de dezembro de 1925) e “Papai Noel às Avessas”.

Não conseguimos o menor sinal dessas publicações e achamos conveniente considerar o final de 1924 como data-limite da composição de “Quadrilha”. Em Alguma Poesia, o penúltimo verso era: “Joaquim suicidou-se e Lili casou com Brederodes” – este substituído por J. Pinto Fernandes nas edições posteriores”. |

Quadrilha foi publicado pela primeira vez, em novembro de 1927, na Revista Verde, de Cataguazes, dirigida pelo iconoclasta modernista Rosário Fusco. Mas Quadrilha, principalmente inspirou o poeta João Cabral de Melo Neto a compor Os três mal amados. Ou seja, dois poemas enroscados um ao outro.

A mudança de nome do personagem, que não havia entrado na história, deixou insatisfeitos o memorialista Pedro Nava e o garrucheiro Arp Procópio. O poeta, por telefone, explicou ao professor Arp que Brederodes era um marginal, e, J. Pinto Fernandes, um bem sucedido industrial português, bom partido pra Lili. (MCS)

Quadrilha

Carlos Drummond de Andrade

 

João amava Thereza que amava Raymundo

que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém,

João foi pros Estados Unidos, Thereza foi pro convento,

Raymundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com Brederodes

que não tinha entrado na história.

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