Mais de 10 mil itabiranos deixam de tomar a segunda dose da vacina. Sem completar a imunização, aumenta o risco de contaminação e de óbitos
O prefeito Marco Antônio Lage (PSB) disse em sua live, nessa quinta-feira (26), que Itabira já aplicou a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em 98.979 pessoas, sendo que 71.163 tomaram apenas a primeira dose – e as que tomaram dose única foram 2.683.
Mas apenas 25.133 tomaram a segunda e necessária segunda dose para completar a imunização, podendo ainda necessitar de uma terceira aplicação diante do aumento de novos casos, principalmente com a disseminação da variante Delta, identificada originalmente na Índia.
Segundo o prefeito, já era para se ter pelo menos 35 mil pessoas em Itabira com a segunda dose no braço. Isso significa que mais de 10 mil indivíduos residentes no município, por negligência ou desinformação, ainda não deram início ao processo de completa imunização. “Estamos abaixo da média da imunização pela segunda dose em Minas Gerais”, lamentou a secretária municipal de Saúde, Luciana Sampaio.
“Muitas pessoas não estão procurando pela segunda dose e isso é muito sério”, complementou Marco Antônio Lage. “Tenho elogiado o comportamento do itabirano no enfrentamento à pandemia, mas as pessoas não podem esquecer da segunda dose. Só a primeira dose não garante a imunização.”
A completa imunização da maioria da população é considerada imprescindível para o controle da pandemia, que tem se mostrado resiliente por vários motivos, seja pelo descuidado e negligência de parte da população que não quer ser imunizada, mas também pelo surgimento de novas e mais contagiantes cepas do novo coronavírus.
Falta também uma campanha mais incisiva de esclarecimento sobre a importância da completa imunização em Itabira. Há também muita reclamação quanto ao serviço de atendimento e esclarecimento sobre a doença e vacinação nos canais disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo relatos, os telefones demoram para atender e muitas vezes nem atendem – e os serviço não funcionam no fim de semana, assim como a campanha de imunização.
De acordo com a secretária Luciana Sampaio, a Prefeitura tem mantido os imunizantes em estoque para aplicar a segunda dose em quem só tomou a primeira em Itabira. “Procure o seu posto de saúde para tomar a segunda dose, não deixe passar muito tempo”, é o apelo que ela faz.
Novas variantes
A preocupação é maior com o surgimento da variante Delta, que tem se revelado mais virulenta que as cepas anteriores, mas que não tem causado tantos danos entre jovens. Porém, tem afetado perigosamente pessoas idosas, mesmo eles tendo recebidos a segunda dose.
É assim que a ocupação dos 10 leitos nas UTIs dos hospitais de Itabira (quatro são pacientes do município e seis da microrregião) e os outros 12 nas enfermarias (sete de Itabira e cinco de municípios vizinhos) são por pessoas idosas – e que já tinham tomado a segunda dose. Sem a vacina, o quadro estaria bem pior, assegura Luciana Sampaio.
“Esse é o perfil dos pacientes internados. As vacinas têm-se reveladas eficazes, mas idosos são mais vulneráveis, mesmo tendo tomado a segunda dose”, salientou a secretária, que complementou:
“É bem possível que a variante Delta já esteja circulando (com contaminação comunitária) em Itabira e tem sido mais virulenta. É por isso que já está sendo programada uma terceira dose”, disse ela, referindo-se a nova etapa da campanha nacional de imunização, prevista para ter início em setembro.
Itabira já registra 21.061 casos confirmados de pessoas com a doença, com 19.990 pacientes recuperados. Mas até aqui 351 pessoas não resistiram a doença e faleceram por agravos com a Covid-19.
Contaminações
“Estamos vivenciando no mundo, no país, no estado e no município o aumento de novos casos. Em Itabira estamos com 700 pessoas em isolamento domiciliar, confirmadas positivas, mas sem complicações que demandam internações”, revelou o prefeito.
Os sintomas leves da doença são considerados resultados da imunização em curso, mas o aumento de casos positivos tem sido atribuído à variante Delta. “Os indicadores em Itabira mostram o aumento da velocidade da transmissão do vírus. Isso indica que o vírus tem circulado mais rapidamente”, observou a secretária municipal de Saúde.
“Felizmente, os casos não têm sido graves em sua maioria, graças às vacinas, tanto que as taxas de ocupação de UTIs e enfermarias permanecem baixas”, é a avaliação que faz Luciana Sampaio.
A taxa de transmissão (RT) nos últimos sete dias variou entre 0,66 e 1,28, subindo para a média de 0,929, o que deve manter Itabira na onda amarela. E os óbitos por Covid-19 voltaram a ocorrer no município. Foram dois nesta semana, um na semana passada e dois na retrasada.
“Precisamos manter todos os cuidados para não haver outro retrocesso. João Monlevade regrediu para a onda vermelha”, alertou o prefeito que, no entanto, não deve adotar medidas mais restritivas nos próximos dias, o que pode ser um erro.
Mas ele disse que acendeu novamente o sinal de alerta no município. “Flexibilizamos tudo, futebol, bares, restaurantes, eventos, academias, clubes, a cidade praticamente voltou ao normal (sic). Mas todos precisam se cuidar e fazer a sua parte para não haver novos retrocessos e ter de fechar tudo novamente”, advertiu Marco Antônio Lage em sua live.
Saiba mais no site Itabira no monitoramento da Covid-19
Variante Delta é só mais uma entre novas cepas que já estão surgindo
Identificada na Índia, em dezembro do ano passado, a variante Delta tem se espalhado rapidamente por todo o mundo, o que tem levado muitos países a adotarem novamente medidas restritivas e acelerado o processo de vacinação.
No Brasil, entre 10 de janeiro e 17 de julho, foram notificados 27 casos da doença, que têm sido monitorados de perto pelas autoridades. A maioria das pessoas contaminadas tem tido quadro leve e recuperado rapidamente.
Mas os dados disponíveis, segundo as autoridades em saúde, poem não refletir a realidade. É que essa variante já pode ter se espalhado rapidamente pelo país. Além disso, os dados ainda não permitem estabelecer consensos sobre a sua transmissibilidade, gravidade e potencial de escape imunológico.
Desde março do ano passado, com o início da pandemia, as mutações do vírus foram constantes. Já foram identificadas as variantes Alfa, Beta, Gama, além da Delta.
Possivelmente a que se revelou mais letal foi a variante Gama (P.1), identificada em Manaus, e que deve ter sido responsável pelo maior número de óbitos em Itabira no início do ano, assim como também no país.
O certo é que na presente conjuntura epidemiológica a variante Delta é motivo de maior preocupação pelo seu potencial de transmissibilidade. E pode acarretar agravos levando ao óbito, principalmente de idosos, mesmo que tenham recebido a segunda dose.
É assim que a vacinação é o principal antídoto contra essa e outras variantes. Como nenhum imunizante é 100% eficaz, é preciso manter o distanciamento social, o uso permanente de máscara em locais públicos, além da higienização frequente das mãos.
É importante também manter o isolamento domiciliar dos casos suspeitos. Só assim será possível controlar a transmissão da Covid-19 com as suas variantes já existentes e as novas que certamente ainda vão surgir.
Dependendo da evolução da pandemia nos próximos dias, é possível que se torne necessário retornar com as medidas restritivas. Permitir, por exemplo, o funcionamento de bares e restaurantes até às 2h pode ter sido um erro em Itabira.
Passa a impressão que a pandemia foi vencida, quando ainda o mundo está longe de ver isso acontecer.
O momento pandêmico, definitivamente, não pode levar ao “liberou geral”. Vide a vizinha João Monlevade que retrocedeu para a onda vermelha. Por aqui isso não está longe de acontecer, mesmo com a baixa taxa de ocupação de leitos
Culpa desse governo negacionista que não faz uma campanha decente de vacinação.
Nós sempre tomamos vacina pra tudo a vida inteira, mas agora as pessoas acham que vão inocular um chip. rs