Estilista Ronaldo Silvestre estreia na São Paulo Fashion Week na companhia de costureiras, bordadeiras, modelos e artistas itabiranos

O estilista itabirano Ronaldo Silvestre fez a sua estreia na São Paulo Fashion Week (SPFW), em sua 51ª edição. Trata-se do maior evento de moda do país, que neste ano está sendo realizado no formato on line,  tendo como tema Regeneração, com o qual procura acentuar o protagonismo feminino, empreendedorismo, inclusão e tecnologia.

O estilista Ronaldo Silvestre (Fotos: André Solano/Gabriel Mesquita)

É o que já procura fazer, há algum tempo, o estilista Ronaldo Silvestre no Instituto ITI, em Itabira. A sua estreia no SPFW foi nessa quinta-feira (24), com apresentação de modelos itabiranos desfilando na Fazenda do Pontal. Assista aqui.

A escolha do local para o desfile, segundo Silvestre, não podia ser mais adequado:

“É um local que que tem tudo para pulsar o coração artístico da cidade. Procuramos mostrar no desfile uma conexão com o que acontece no país inteiro”, disse o estilista, para quem “a arte itabirana tem tudo para conquistar o público lá fora”.

“Foi um trabalho de muitas mãos, com trilha sonora de Thiago SKP, músico itabirano, participação de bordadeiras, costureiras, modelos e artistas itabiranos”, conta o estilista. “Aproveitamos a oportunidade para mostrar o trabalho de outros artistas da terra.”

O desfile teve como tema  C O N S P I R A Ç Ã O. “Minha luta: Igualdade, Transformação Social através da moda. Minha arma: Uma máquina de costura.”

Em formato de festival, os desfiles ocorrem até o domingo (27). As transmissões diárias, pela rede social, têm início às 18h.  Assista aqui.

De Itabira para o mundo da moda: arte e alta costura produzida em Itabira

Sonho

Para Ronaldo Silvestre, a sua participação na 51ª SPFW foi a realização de um sonho de menino pobre do interior de Minas Gerais, cuja mãe desmanchava uniformes usados para ele ter o que vestir.  “A máquina de costura se torna a arma de conspiração, de sobrevivência de pessoas em situação de vulnerabilidade, das mulheres excluídas da sociedade”, conceitua.

“É assim que o macacão se torna em nossa vestimenta de luta e de empoderamento, com o retrabalho em algodão e de resíduos têxteis, transformando-os, rebordando outras peças, desconstruindo alguns trabalhos e peças de todo o meu trabalho de design, reconstruindo de outras formas”, explica.

Conceito

Reaproveitamento com arte: a costura da resistência cultural

“Animai-vos povo baiense que está para chegar o tempo feliz da nossa Liberdade: o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais.”

No dia 12 de agosto de 1798, a cidade de Salvador amanheceu coberta de papéis manuscritos pregados aos muros das igrejas. Os panfletos chamavam a população à luta e proclamavam ideias de liberdade, igualdade, fraternidade e República.

Após 223 anos da Revolta dos Alfaiates, o que é o Brasil? O que representa o povo brasileiro, qual é a sua luta, qual é a sua essência, qual é o seu futuro?

Com este sentimento de luta, apresento a minha primeira coleção para o SPFW:

 C O N S P I R A Ç Ã O

“Minha luta: Igualdade, Transformação Social através da moda. Minha arma: Uma máquina de costura.”

Aviso I:

Maquiagem de Bernardo Bello

“Antes de ser homem sou filho de uma mulher guerreira, sou uma liderança que luta pelos direitos de igualdade, que luta pelas diferenças de gênero e cor. Sou um provocador de mudanças que luta pelos direitos do ser humano.”

Aviso II:

“Sou sim uma Liderança Feminina, um homem que luta por uma causa que aparentemente não diz respeito a forma materializada pelo meu corpo nesta encarnação. Eu faço o que precisa ser feito, respeitando o outro e olhando sempre além.”

Aviso III:

“Lutar pelo empoderamento feminino é lutar para que cada mulher tenha a chance de transformar a sua própria realidade social. Transformar a sua vida e a vida dos seus filhos.”

Aviso IV:

A coleção

Trabalho das bordadeiras itabiranas

Inspiração: Manual das Moças, Lírios, Ganhadeiras, Tropeiros, Desconstrução de Uniformes Urbanos.

Tecidos: Retecidos, reciclados, algodão com tingimentos naturais.

Cores: Militares partindo do verde intenso, passando pela leveza dos tons de barro até o azul profundo noite com gotas de vermelho sangue.

Formas: Atemporais, amplas e orgânicas.

Ficha técnica

Estilo: Ronaldo Silvestre

Assistente: Emanuel Nepomuceno

Trilha: Thiago SKP

Beleza: Bernardo Bello

Direção do desfile: Rodrigo Bernardi

Direção audiovisual: Esdras Vinicius/Fábio Barbosa, Raphael Portilho, Reld Benfica

Fotografia: André Solano/Gabriel Mesquita

Calçados: Rider

Bordados: Instituto ITI

Modelos:

Alice Sanffer, Ana Fonseca, Anna Morais, Daniel Barcelos, Danubia Maia, Glauber Andrelino, Luana Carvalho, Mariana Flávio, Yolanda Almeida

Apoiadores:
Arte despojada e engajada

– Instituto ITI  – bordados e acessórios em tricot de resíduos têxteis da Dalila Têxtil (mochila verde, tiaras longas) fazem parte dos novos produtos do curso de artesanato sustentável – padrão Faça e Venda oferecido gratuitamente pelo Instituto ITI para mulheres em vulnerabilidade social. A bolsa Bruaca é uma releitura da bruaca utilizada pelos Tropeiros.

– Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade – locação na Fazenda do Pontal – uma réplica da fazenda aonde nasceu o poeta Carlos Drummond de Andrade em Itabira.

– Raphaela Rocha – brincos e flores: Orquídeas Oncidium Eternizadas.

Patrocinadores

– Rider

– Sou de Algodão

– Capricórnio Têxtil – tecidos: Nimes, Jango Royal Blue, Teca e Iza

– Dalila Têxtil – Malha Cofee e Cânhamo (tingimentos naturais da própria Dalila)

– Santista Têxtil – tecidos: Joker e Lite da nossa linha FLATS e Justin 100% algodão da linha ICON.

 

 

 

 

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4 Comentários

  1. Parabéns ao Ronaldo Silvestre. É por iniciativas como a dele que encontraremos a diversificação econômica e a transformação estética e cultural de que tanto necessitamos.

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