ALMG quer incluir vacina em desenvolvimento pela UFMG no rateio da indenização da Vale pela tragédia de Brumadinho
O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), propõe apresentar emenda ao Projeto de Lei (PL) 2.508/21, de autoria do governador Romeu Zema (Novo), para destinar R$ 30 milhões para a realização das fases 1 e 2 dos testes da vacina contra a Covid-19 que vem sendo desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um imunizante 100% nacional.
A PL trata das destinações dos recursos provenientes do acordo judicial firmado com a Vale, destinados à reparação, em parte, dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, que matou 272 pessoas em 25 de janeiro de 2019.
Patrus se comprometeu a incluir, por meio de uma emenda ao projeto de lei em questão, a destinação do valor de R$ 30 milhões à UFMG para o desenvolvimento das fases 1 e 2 dos testes com o imunizante neste ano. A proposição cumpre prazo para apresentação de emendas na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.
“Vamos exigir que o repasse para o desenvolvimento da vacina seja feito ainda neste ano e não haja nenhuma interrupção dos estudos”, disse o parlamentar, que pede para que a emenda seja assinada por todos os parlamentares da ALMG.
Segundo ele adiantou, essa parceria do legislativo mineiro com a UFMG já teve início. Nesta quinta-feira (15), equipes técnicas da ALMG e da UFMG já podem trabalhar juntas nas questões relacionadas ao repasse de recursos.
“A vacina é nossa solução para reduzir o sofrimento das pessoas, para garantir o retorno seguro das atividades econômicas e para assegurar, acima de tudo, a vida”, destacou o parlamentar mineiro.
Reitora enfatiza importância do repasse de recursos para o desenvolvimento do imunizante
A reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida, enfatizou a relevância dos recursos para a continuidade dos estudos, principalmente na presente conjuntura de escassez de recursos para pesquisas nas universidades federais.
Segundo ela, só a UFMG vai sofrer, neste ano, corte de R$ 40 milhões no seu custeio, o que corresponde a 18,9% do seu orçamento. Esse corte, disse, inviabilizaria o projeto de desenvolvimento do imunizante, caso não haja repasses e financiamentos de outras fontes.
Sandra Goulart discorreu sobre a vacina identificada como “quimera proteica”. Disse que está em estágio mais avançado entre outras seis pesquisadas desenvolvidas pela UFMG e parceiros.
E é também uma das três em desenvolvimento mais adiantadas no País. “Chegamos a um ponto em que não podemos parar”, disse ela, que considera o repasse desse aporte de recursos fundamental para o desenvolvimento do imunizante.
Segundo a reitora, o subsidio estatal, por meio dos recursos repassados ao governo como indenização pela Vale, tem significado suplementar importante. É que segundo ela, a vacina intramuscular desenvolvida pela UFMG apresenta baixo custo de produção comparativo aos outros imunizantes.
“Já sabemos como produzir o imunizante. É uma vacina tradicional”, disse ela, assegurando que os testes em camundongos apresentaram resultados de 100% de eficácia – e nenhuma cobaia desenvolveu a doença. Desde terça-feira (13), a vacina já está sendo testada em primatas.
A expectativa da reitora é de que, em 2022, a vacina possa ser produzida nacionalmente. A reitora da UFMG informou na reunião com os deputados que já está sendo feito acordo com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) para essa finalidade.
Para ela, o desenvolvimento da vacina é uma questão de soberania nacional e também de responder ao desafio da pandemia no contexto de escassez de imunizantes.
Embora o valor da pesquisa seja alto, a reitora destacou que é preciso refletir sobre o custo da importação de insumos, que é ainda maior. E, também, sobre a necessidade de se vacinar a população brasileira contra a Covid anualmente.
Deputados apoiam proposta do presidente da ALMG
De acordo com a deputada Beatriz Cerqueira (PT), que preside a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, e que foi quem solicitou a reunião com a reitora, a ALMG tem sido protagonista no enfrentamento da pandemia no estado de Minas Gerais.
A parlamentar defendeu a vacinação e cobrou do governo investimentos para o desenvolvimento do imunizante em Minas Gerais. “Pessoas estão morrendo de uma doença para a qual já existe vacina. Precisamos investir nisso. É um debate pela vida e pela soberania”, afirmou.
A deputada Laura Serrano (Novo) destacou que é preciso pensar conjuntamente nas soluções para essa crise. Ela também destacou o apoio da ALMG ao desenvolvimento da vacina.
O deputado André Quintão (PT) defendeu a vacina como a solução para este momento. O parlamentar acrescentou que haverá necessidade da destinar, também no próximo ano, recursos para o desenvolvimento do imunizante pela UFMG. Segundo ele, esse deve ser o foco das peças orçamentárias que vão tramitar na ALMG em 2021, sem prejuízo da destinação de emendas parlamentares individuais para essa finalidade.
Carlos Pimenta e André Quintão ainda defenderam investimentos na Funed, para que ela dê conta de produzir a vacina no momento oportuno.
No destaque, a reitora da UFMG, Sandra Almeida, participa de reunião especial com deputados sobre estudos em andamento na universidade relacionados ao desenvolvimento e à produção de vacina contra o novo coronavírus (Imagem: Reprodução).
Fonte: Ascom/ALMG