Atlético e América mostram em campo que em Minas Gerais se joga um bom futebol

Luiz Linhares*

Até que enfim tivemos a oportunidade de acompanhar um bom jogo em nosso Campeonato Estadual. No domingo se fechou a semana da volta do futebol em Minas Gerais no período da onda roxa e acompanhamos uma rodada morta no meio da semana e a queda do Atlético na competição pela primeira vez e no sul de minas.

Talvez esta derrota foi uma pisada no calo do time atleticano em relação a se mostrar, jogar e praticar a superioridade de time e elenco. O clássico entre Atlético e América jogado no domingo foi o que se espera do futebol, bem jogado, marcado por estratégias e gerando emoções a quem assiste e acompanha.

O Atlético para mim fez a sua melhor apresentação desta nova temporada e em campo o que de melhor tem ou que seu treinador imagina. Mais uma aula de futebol mostrada pelo meia Nacho Fernandes, cada vez mais encantando o torcedor pelo seu jeito desfigurado, participativo, técnico e operante.

Um maestro que há muito tempo o Atlético não encontrava ou não tinha. De novo o argentino foi o dono do jogo, participativo nos gols, nos lances resultantes em gol. Foi totalmente preponderante no River Plate durante os anos em que lá ficou e com certeza, sem dúvida, será por aqui em solo mineiro.

O jogo foi de muitas alternâncias. O primeiro gol do Atlético aconteceu com dose de sorte. Cobrança de falta do Nacho não das mais precisas, mas que acabou encontrando um desvio na barreira que serviu para enganar o goleiro americano.

Já no primeiro tempo o time alvinegro mostrou eficiência. Isso enquanto vimos um América às vezes acuado. Dominante, o Atlético criou várias tramas ofensivas, com muito volume de jogo, enquanto o América demonstrava eficiência defensiva com alguns lampejos ofensivos, que esbarraram na eficiente atuação do goleiro Everson.

No tempo complementar o América voltou acreditando mais, chegou a igualdade em uma finalização eficiente do lateral João Paulo do meio de campo. Com o gol, o Coelho ganhou confiança levando perigo sequencial ao Atlético por outras três oportunidades. Brilhou o goleiro atleticano. Por força de elenco, na sequencia o Atlético chegou ao seu segundo e terceiro gol.

Que treinador neste Brasil pode em momentos de dificuldade na partida buscar no banco de suplência elementos como Hulk, Nathan, Vargas e Marrony? Nesta grandeza acho que não tem para Rogerio Ceni no Flamengo, nem para o português no Palmeiras e muito menos para o Renato Gaúcho no Grêmio.

O certo é que Cuca tem e fez valor nesta qualidade e simplesmente ganhou o jogo. Ao técnico Lisca resta lamentar a derrota e parabenizar o galo, como fez, por esta brilhante vitória.

Ganhar uma partida de futebol é sempre bom. E ver um futebol vistoso e bem jogado muito melhor ainda. Alguns dizem para ir devagar que o andor é de barro. É Campeonato Mineiro e pouco retrata o que se verá a frente. Entendo que duas grandes forças duelaram em momento que ambas têm muito a crescer.

Simplificando tudo mais uma vez digo que o Atlético mostrou sua força. E é isso que seu torcedor quer na sequência. Sabemos que reforçar mais ainda é meta. Por sinal, chega Tche Tche que vem do São Paulo e tem bola para brigar pela titularidade. E há a expectativa de outros atletas que podem chegar.

Já o América sabe que tem força para encarar qualquer adversário. Mas para os 90 minutos de bola rolando, precisa se qualificar e ter material de reposição à altura quando necessário para decidir uma partida.

Cruzeiro ainda não reencontrou o bom futebol, mas é preciso mais tempo para o treinador acertar o time azul

O Cruzeiro venceu fora de casa. Emplacou presença entre os quatro primeiros, o que dá um alívio e deixa talvez o ambiente menos pesado pelas cobranças e críticas.

Certo é que a evolução que se espera acontece muito timidamente. O grupo não responde com apresentações vistosas, não se tem um padrão agradável de jogo e nem muita ação ofensiva para até incomodar o adversário.

É o Campeonato Mineiro, a mais frágil competição entre todas que o Cruzeiro encontrará na sequência. E tendo como obrigação máster vencer o Brasileirão na série B ou ficar entre os quatro melhores para retornar à elite do futebol nacional.

É ano de centenário e o torcedor vai se cansando de desculpas ou justificativas voltadas ao cenário encontrado e que continua acontecendo de maneira feroz.

O trabalho do treinador Felipe Conceição deve ser preservado e apoiado. Ou se aposta e confia no que ele pode render e realizar ou oferece a ele ou a qualquer outro que possa chegar condições e valores para ganhar titularidade, se impor e levar o Cruzeiro aonde se deseja.

Ninguém tem a varinha de condão. A cobrança é justa pela necessidade de conquista. Mas é certo que ninguém vai de a noite para o dia fazer este azul brilhar.

É preciso dar tempo ao tempo, confiança e amparo para uma roda de esperança e fé. Vejo a situação do Cruzeiro com a nossa própria realidade em que vivemos. Ansiedade, busca direta de dias melhores e uma vida de volta. Acreditar é sim muito preciso.

*Luiz Linhares é diretor de Esportes da rádio Itabira-AM

 

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