Para diminuir a circulação de pessoas em Itabira, Vale suspende contratos e afasta mais trabalhadores por tempo indeterminado
A mineradora Vale não vai dar férias coletivas, como fez a multinacional Volkswagen nessa quarta-feira (26. Mas a empresa está reduzindo o seu quadro de empregados operacionais e administrativos em Itabira, por tempo indeterminado e sem perda de remuneração, como meio de conter o avanço do novo coronavírus (SARS-Cov-2).
A informação é do prefeito Marco Antônio Lage (PSB) em sua live semanal na noite de quinta-feira (25). Segundo ele, nesta sexta-feira, 30% dos empregados das áreas operacionais já entram em recesso por tempo indeterminando, um contingente superior a 1,2 mil trabalhadores.
Além desses empregados operacionais, mais de 90% dos que trabalham nas áreas administrativas irão trabalhar remotamente, com os serviços sendo executados em domicílio.
O prefeito informou também que a mineradora vai suspender contratos com empresas terceirizadas, também por tempo indeterminado. Nesses casos, serão mais de 1,5 mil trabalhadores terceirizados afastados. A suspensão é temporária, mantendo-se a remuneração.
“Só da MIP (empreiteira da Vale) foram dispensados mais de 1 mil trabalhadores, que retornam para as suas cidades”, disse o prefeito.
No total, entre empregados diretos e terceirizados, a Vale mobiliza mais de 8 mil trabalhadores no complexo minerador de Itabira.
Cuidados redobrados
A suspensão temporária de obras e serviços é necessária face à velocidade da transmissão do vírus na cidade, mesmo na onda roxa pelo programa Minas Consciente.
Nos últimos sete dias, a média da RT ficou em 1,27, tendo oscilado entre 0,83 e 1,59. Isso significa que para cada pessoa com o vírus, ainda que assintomática, pode infectar até outros seis indivíduos, Isso em um intervalo de uma semana, caso a pessoa infectada não permaneça em isolamento domiciliar.
A alta taxa de transmissão é decorrente da baixa adesão da população ao isolamento social, que permanece estacionado em 40%, quando o ideal é que fosse acima de 60%.
A consequência dramática é o crescente número de óbitos. Já são 159 pessoas mortas pela Covid-19 no município no boletim de quinta-feira – o desta sexta-feira até o fechamento da reportagem não havia sido divulgado.
Empregadora confirma dispensas temporárias
Procurada pela reportagem, a Vale confirma o pacote de ações preventivas anunciado pelo prefeito. Mas não diz quantos empregados próprios e terceirizados serão provisoriamente dispensados.
Diz que a prioridade foi dispensar trabalhadores de outras localidades, que retornam para as suas cidades, sem perda da remuneração pelos dias parados.
“Com a substituição do trabalho presencial pelo remoto, segue nas áreas apenas o efetivo necessário para a manutenção das operações”, informa a assessoria de imprensa da mineradora em nota encaminhada a este portal de notícias.
“O trabalho remoto está mantido para empregados próprios e terceiros, cujas funções são elegíveis a home-office e para empregados dos grupos de risco, conforme orientação do Ministério da Saúde.”
Salienta ainda que a empresa também tem intensificado campanhas de conscientização para que os seus empregados e familiares mantenham o isolamento social e as medidas de prevenção.
“A Vale continua tomando todas as medidas necessárias para combate e prevenção da Covid-19 em suas operações”, assegura a empresa.
Entre as medidas, diz incluir a triagem com aferição da temperatura, além de seguir os protocolos para distanciamento social, higienização, uso de máscaras e testagem em massa.
Abertura de novas leitos de enfermaria e de UTIs
Marco Antônio Lage disse ainda que a mineradora tem contribuído para equipar os hospitais de Itabira com mais leitos de UTIs e de enfermarias.
“Já estamos abrindo novos leitos no Carlos Chagas e no Nossa Senhora das Dores, tanto de enfermarias como também de UTIs graças ao apoio da Vale”, informou o prefeito em sua live.
No vizinho município de São Gonçalo, a unidade hospitalar que tem funcionado apenas como pronto-atendimento, será transformada em hospital de retaguarda.
Com isso, espera-se diminuir a demanda por internações nos hospitais de Itabira, que são referências na microrregião, atendendo a uma população de mais de 200 mil habitantes.
Recursos humanos
“Para operar as novas UTIs e enfermarias, estamos contando também com o apoio da Vale, que vai contratar médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas”, informou o prefeito.
Ainda segundo ele, 24 estudantes do último ano de medicina devem chegar a Itabira na segunda-feira. Eles vão atender a pacientes com primeiros sintomas nos PSFs. A expectativa é reduzir a procura por atendimento nos hospitais e no Pronto-Socorro Municipal.
A esses novos leitos se somam os atuais 17 leitos SUS e quatro de convênios para atendimento exclusivo de pacientes com Covid-19 nas enfermarias do HNSD. O hospital conta, até o presente momento, com seis leitos SUS e quatro de convênios nas UTIs no mesmo hospital.
Já no HMCC a disponibilidade até então é de 20 leitos nas UTIs, incluídos os dez que foram reabertos pela atual administração. E mais 38 leitos de enfermaria, todos exclusivos para atendimento a pacientes SUS.
