Abandono de cães e gatos nas ruas é cruel e ameaça a saúde da população itabirana e dos animais
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no país existe um animal de rua (cães e gatos) para quatro habitantes. Por essa estatística, Itabira tem pelo menos 25 mil animais vivendo em condição de abandono.
Para o município ter um manejo correto de cães e gatos, é preciso castrar pelo menos 4 mil animais no primeiro ano e mais 2 mil castrações de machos e fêmeas nos anos seguintes.
“Só assim teremos um impacto epidemiológico significativo”, afirma a presidente da Associação Municipal de Proteção Animal da Região de Itabira (Ampari), Kelley de Pinho Generoso.
“O controle precisa ser contínuo e permanente, além de contar com a participação da população. Sem isso, estaremos enxugando gelo”, adverte. A situação na cidade tem ficado mais crítica pela omissão da Prefeitura, responsável legalmente pelo controle e manejo de animais de rua.
E o quadro se agrava mais ainda com o abandono de animais tutelados, sob a guarda das famílias. Isso ocorre pela falta de condições financeiras para mantê-los ou pelo trabalho que o manejo correto exige, entre outras motivações.
Nos últimos dois anos, a Ampari, por conta própria, castrou 190 animais e 250 foram destinados para adoção. “É um paliativo, não uma solução”, diz Kelley, para quem só a castração em massa de cães e gatos, junto com a conscientização da população, é possível sair desse grave quadro de abandono.
“Somos nós, da Ampari, que temos de apoiar a política de controle da Prefeitura e não o contrário como vem acontecendo”, sustenta a presidente da entidade. Ela, porém, vê alento com a aprovação de um projeto de lei de autoria do vereador Neidson de Freitas (PP), inspirado na legislação da cidade de Conselheiro Lafaiete, considerada modelo no país.
O projeto determina que se faça a intervenção cirúrgica (castração) de dez mil animais, sem no entanto definir prazos para que isso ocorra. Para virar lei, o projeto precisa ainda ser sancionado pelo prefeito Ronaldo Magalhães (PTB).
Mas só a existência da lei não basta. “É preciso também destinar recursos e formar equipes treinadas para que a legislação seja cumprida”, advoga a defensora dos direitos dos animais e pelo fim das crueldades cometidas contra cães e gatos.
Audiência Pública
O projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal foi reflexo da Audiência Pública realizada no dia 3 de abril, como admite o seu autor, vereador Neidson Freitas.
“Protetores independentes e ONGs não podem, sozinhos, solucionar o problema da superpopulação, uma vez que de acordo com a Lei Estadual nº 21.970/2016, a responsabilidade sobre o controle populacional (dos animais de rua) é do município”, justificou o parlamentar ao apresentar o projeto de lei que atribui à prefeitura a castração de animais de rua.
“A criação de um programa (de castração) é necessária não apenas para buscar o controle populacional, mas também para educar a população no que diz respeito à guarda responsável de cães e gatos”, complementou.
Doenças
Somente com o controle populacional é possível prevenir a proliferação de zoonoses, que são doenças comuns ao ser humano, cães e gatos. Afinal, 75% das doenças que acometem esses animais são também comuns aos seres humanos. A transmissão de doenças ocorre do animal para o homem e também o contrário, com transmissão pelo homem.
“Castrar pontualmente também não adianta. É preciso que a castração seja feita em massa, não só dos animais em situação de abandono, mas também dos tutelados”, foi o que defendeu na audiência pública a coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais, Adriana Araújo. “O abandono de cães e gatos pode agravar a saúde humana e dos próprios animas.”
De acordo com o deputado estadual Noraldino Dias Junior (PSC), o controle e manejo correto de cães e gatos de ruas é, portanto, uma necessidade urgente.
“Não é jogar dinheiro fora. É uma forma de prevenção.” O deputado é presidente da Comissão de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG),
O parlamentar lembra que o país já convive com surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. São doenças que surgem pelo desequilíbrio das relações do homem com a natureza, causando desmatamento e migração de insetos e animais silvestres para os centros urbanos.
Segundo ele, se nada for feito urgentemente, outras zoonoses podem surgir com a proliferação de animais de rua. “A ameaça não é só de doenças já existentes. Por isso, a prevenção é importante para não se ter de gastar muito mais depois, para o caso de surgir novas epidemias”, adverte.
Um dia o Município de Itabira ganhou um espaço para o canil municipal, era no Posto Agropecuário, mas a administração da época, era o governo João Izael, não deu conta de fazer a manutenção diária e a vizinhaça exigiu o fechamento do mesmo.
Agora temos de conviver com todos esses animais sem controle pela rua e vai gracejando a leptospirose pelo bairro do Pará até mesmo em cães que vivem dentro das casas dos moradores.
Canil municipal não resolve o problema, é como um armário esquecido, onde colocamos o que não cabe em nossa casa……. o legal é solucionar a raiz do problema. Boas soluções foram apontadas no texto !