André Viana disputa vaga no conselho de Administração da Vale como representante dos empregados da mineradora

O sindicalista André Viana Madeira, presidente do Sindicato Metabase de Itabira, comunica que é candidato a conselheiro, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da mineradora Vale, que é instância consultiva e deliberativa da multinacional brasileira.

Ele disputa a eleição pela chapa 8, tendo como companheiro o maquinista maranhense Lúcio Azevedo, presidente do Sindicato em Empresas Ferroviárias dos Estados do Maranhão, Pará e Tocantins (STEFEM).

No acordo para composição de chapa, Viana e Azevedo acertaram que, sendo eleitos, farão alternância na representatividade no conselho da mineradora. “Será uma governança compartilhada, com alternância mensal e também por temas pautados, de acordo com a região”, explica Viana. O mandato é de dois anos

Eles pretendem atuar em três eixos, que é a defesa dos interesses dos trabalhadores e de seus familiares, além de atuarem para assegurar investimentos nas comunidades onde a mineradora se faz presente em todo o país.

A eleição será realizada entre os dias 9 e 11 de fevereiro. Podem votar todos os 64 mil empregados da mineradora no país. De Itabira estão aptos a votar mais de 4 mil trabalhadores.

O voto é facultativo, daí a importância de mobilizar as categorias dos mineiros e ferroviários. Isso para que os eleitos tenham um grande número de votos para se tornarem representativos e respeitados no conselho, que é formado majoritariamente por representantes dos acionistas.

 

Responsabilidades

Segundo explica André Viana, o conselho detém enormes responsabilidades e as suas atribuições impactam a vida não só dos trabalhadores da Vale, mas também dos municípios minerados em suas áreas de influência. “É o conselho que decide os investimentos nos empregados, nas áreas operacionais e nas comunidades”, afirma.

É também o conselho que define as políticas e as diretrizes gerais da empresa, além de analisar os planos e projetos propostos pela Diretoria Executiva, tendo ainda a prerrogativa de avaliar os resultados.

“Nossa proposta é representar os trabalhadores da Vale de todo o país, buscando assegurar investimentos para garantir o emprego, mais benefícios que melhorem as condições de trabalho e a qualidade de vida, além de investimentos nas comunidades em que vivemos”, salienta André Viana.

Com a chapa André Viana (Pato Roco), de Minas Gerais, e Lúcio Azevedo, do Maranhão, a expectativa é unir forças para bem representar os empregados dos Sistemas Sul e Norte da empresa.

Mineração com sustentabilidade

“Mineração responsável é progresso”, defende Viana em seu lema de campanha, ao reconhecer a importância da atividade extrativista para o bem-estar geral e desenvolvimento do país, mas sem deixar de lado os investimentos sociais e ambientais necessários até mesmo para que a empresa recupere a sua imagem no país e internacionalmente.

“Depois de Brumadinho, os investimentos nas comunidades caíram bastante, sob a justificativa de investir nas indenizações dos familiares e atingidos pelo rompimento da barragem, além da recuperação ambiental. Precisamos voltar com esses investimentos nas outras comunidades. Recursos financeiros para isso a empresa tem de sobra”, diz Viana

Isso tanto para pagar as indenizações, como também para investir no desenvolvimento sustentável das cidades mineradas. ”Essas são as nossas bandeiras. Sendo eleitos, esperamos ser porta-vozes dos empregados e das comunidades no conselho de Administração da Vale.”

Para isso, André Viana pretende levar à pauta de discussão do conselho a questão das barragens e dos atingidos pela mineração, assim como a necessidade de diversificar as economias das cidades mineradas, para que não fiquem, como Itabira, à mercê da atividade que explora um recurso que é finito.

“Isso passa pela discussão da água, para que não falte para o abastecimento público e também para atrair novas indústrias”, diz ele, que conta estar afinado também com as principais reivindicações da Associação das Cidades Mineradoras (Amig), que passa, a partir deste ano, a representar o conjunto das cidades mineradas do país.

Conquista na privatização

A representação dos trabalhadores da Vale no Conselho é uma conquista da categoria no processo de privatização, ocorrido em 6 de maio de 1997, pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Vendida pela bagatela de R$ 3,3 bilhões, em outubro de 2019, o seu valor de mercado já superava a casa de R$ 319 bilhões.

A aquisição, na ocasião da privatização, foi feita pelo consórcio Brasil, liderado pela Companhia Siderúrgica Nacional, de Benjamin Steinbruch. A partir daí, passou a ser controlada por fundos de pensão, como Previ, bancos públicos e privados, tendo à frente o Bradesco e investidores estrangeiros.

Mas desde novembro do ano passado a Vale passou a ser uma “empresa sem dono”, após a extinção do bloco controlador – e com a pulverização das ações do governo, via BNDES, também vendidas por uma bagatela no mercado acionário no ano passado.

No entendimento do mercado, a transformação da mineradora em uma “empresa sem dono” representa uma evolução da governança, uma vez que se torna mais independente, sem tantos assentos “carimbados”.

Na prática, isso significa menos “ingerência” do governo nas decisões da mineradora. Porém, se isso a torna mais ágil aos olhos do mercado, por outro lado, o trabalhador perde poder e deixa de ter a “proteção” do Estado no embate entre capital e trabalho.

Daí que a representação dos trabalhadores no conselho de Administração da empresa ganha maior relevância

No destaque, sede da Vale S.A no Rio – RJ (Foto: Divulgação)

 

 

 

 

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