Fábrica de pré-moldados e exploração de rejeitos de minério são alternativas para desocupação das barragens

A mineradora Vale já pesquisa tecnologia e montou planta-piloto na mina do Pico, em Itabirito, onde já está fabricando pré-moldados (blocos e tijolos) utilizando rejeitos das usinas de concentração e a abundância de areia (sílica) existentes em suas minas.

O prefeito eleito Marco Antônio Lage quer, inclusive, que a própria Vale invista, ou atraia investidores, para instalar em Itabira uma grande fábrica de pré-moldados, à semelhança da que foi instalada em Itabirito.

Considera que o potencial em Itabira é ainda maior, visando aproveitar os rejeitos das usinas de concentração e a areia (sílica), que ainda é considerada material estéril, existente em grande volume nas minas de Itabira. “São mais de 500 milhões de toneladas de rejeitos depositados nas barragens no entorno da cidade”, diz.

Já o volume de areia existente nas minas de Itabira, segundo informa a mineradora, soma mais de 270 milhões de toneladas. A exploração desse recurso já conta com pedido de licenciamento de lavra junto à Agência Nacional de Mineração (ANM). Leia aqui.

“A Vale busca as licenças e aditamentos necessários para o aproveitamento econômico da areia proveniente da atividade minerária das minas de Itabira”, confirma a mineradora, em resposta a este site.

Inicialmente, conforme a mesma nota da empresa, na fábrica de Itabirito somente será utilizado o rejeito proveniente do processo de concentração de minério de ferro, não sendo ainda utilizado o material que pode ser retirado diretamente das barragens.

“Importante destacar que o foco principal da Vale, neste momento, é buscar alternativas mais sustentáveis para as suas operações que gerem valor compartilhado com a sociedade”, diz a mineradora.

Confirma ainda que a destinação da areia das minas de Itabira, em estudo, atende a esse requisito. “Além disso, a eventual entrada da Vale no mercado de areia levará em conta impactos no setor e, por isso, está sendo estudada.”

Potencial

Blocos estruturados e de vedação fabricados com rejeitos de minério são produtos viáveis e que, como a exploração e venda de areia das minas, tendem a baratear o custo da construção civil (Foto: Divulgação)

Com o desenvolvimento das pesquisas, a alternativa de aproveitamento desses recursos pode evoluir para o emprego dos rejeitos existentes nas barragens.

Portanto, a instalação de uma fábrica similar em Itabira, mas possivelmente de maior porte, tem um potencial ainda maior, levando-se em conta o volume desses recursos disponíveis (rejeitos e areia).

A fábrica, além de gerar novas oportunidades de emprego e negócios, irá contribuir também para diminuir, ou mesmo pôr fim à disposição desse material, até então considerado inservível, em barragens que estão cada vez mais proibitivas, como também em pilhas a seco.

Reservas antropogênicas

Tudo isso sem contar que o próprio rejeito de minério de ferro contido nas barragens – um recurso mineral antropogênico que, em muitos trechos, chega a conter até próximo de 40% de ferro –, pode ser novamente concentrado nas usinas para produção de pellet-feed.

“Não importa se esses recursos podem até prolongar a vida útil de nossas minas. Temos que agir rápidos, já pensando que a exaustão vai acontecer daqui a nove anos”, afirma Marco Antônio Lage, que pretende se reunir com a direção da Vale assim que tomar posse na Prefeitura, quando pretende tratar desse e de outros assuntos de interesse de Itabira.

No destaque, a barragem do Pontal, a primeira a receber rejeitos, com teor de ferro em algumas localidades perto de 40%. Vale quer também fabricar pré-moldados com rejeitos mais pobres e com a areia das minas de Itabira (Foto: Carlos Cruz)

 

 

 

 

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