Com o povo aglomerado nas praças, ruas e cachoeiras neste inverno quente, aumenta o risco de retorno às medidas restritivas em Itabira

Itabira foi manchete no Jornal Nacional da Vênus Platinada e de outras emissoras

Depois de mostrar vídeos postados na rede social, com jovens atirando pedras e outros objetos na Polícia Militar, que reprimia a aglomeração na praça do Areão no fim de semana, a Globo exagerou ao somar as 12 mortes por Covid-19 em Itabira com os mais de 180 óbitos em Betim, região metropolitana de BH.

Andrea Cabral, médica infectologista: “fim da pandemia só com vacina com eficácia cientificamente comprovada e com todo mundo imunizado.” (Fotos; Carlos Cruz)

E sentenciou: “as duas cidades, com mais de 190 mortes, correm o risco de viverem um novo surto da pandemia.”

Não importa se a emissora mais assistida do país tenha exagerado ao somar as mortes ocorridas em Itabira com as de Betim, que vive uma situação de maior descontrole da pandemia no estado de Minas Gerais.

Mas é fato que a reabertura das atividades não essenciais, com o ingresso na onda verde pelo programa Minas Consciente, fez com que muitas pessoas em Itabira passassem a se comportar como se a pandemia tivesse chegado ao fim.

É o que se tem observado Itabira, com as praças, ruas e avenidas, rios e cachoeiras abarrotados de gente, crianças, jovens e idosos, a maioria sem máscara, todos precisando de sol, no afã de ver e abraçar as pessoas, cansados dessa pandemia que assola o mundo.

Mas a médica infectologista Andrea Cabral, do Hospital Municipal Carlos Chagas (HMCC), adverte, preocupada: “A pandemia não chegou ao fim em Itabira e todos precisam se cuidar”, afirma. “Só vai ter fim quando tiver uma vacina cientificamente eficaz e com todo mundo imunizado”, disse ela em entrevista a este site, prevendo que isso só deve ocorrer até meados de 2021.  Leia mais aqui.

Portanto até, lá muita cautela e distanciamento social não fazem mal, pelo contrário. Isso porque, além da certeza de que a pandemia não acabou, é também fato que Itabira vive uma situação epidemiológica que merece uma análise mais acurada, enquanto o perigo pode estar ao lado, ameaçando sobretudo as pessoas idosas e as que têm outras doenças, as chamadas comorbidades.

Embora o município esteja, de acordo com boletim epidemiológico desta quinta-feira (17), com 2.234 moradores testados positivos, fora as subnotificações, podendo ser dez vezes mais, é relativamente pequeno o número de óbitos e de pessoas internadas em situação grave nas UTIs.

O registro é de 12 óbitos, com quatro pessoas hospitalizadas com Covid-19, além de três casos suspeitos, também internados.  E 176 pessoas, testadas positivas, se encontram em isolamento domiciliar.

Platô elevado

Com as pessoas nas ruas, avenidas e bares, conversando lado a lado sem o uso de máscaras, não é ser alarmista afirmar que o risco de retrocesso é grande.

Fechar tudo novamente é uma decisão que pode ocorrer de um dia para outro, por iniciativa do município, ou em uma semana, por decisão do Minas Consciente, com base nos indicadores apresentados pelo município e também pelas outras 12 cidades da microrregião de Itabira.

“Tivemos uma estabilidade, mas existe a possibilidade de pico se a população não seguir as regras e protocolos”, admite a secretária municipal de Saúde, Rosana Linhares.

“Estamos seguindo em um platô elevado, mas não temos como prever quando será a máxima da incidência da doença. Ou mesmo se teremos esse pico, tomara que não.”

O que a secretária de Saúde sabe é que, no momento o município diminuiu a pressão sobre os leitos hospitalares, Mas esse não é o único indicativo para avaliar a disseminação da pandemia. As taxas de mortalidade e de transmissão da doença são igualmente importantes.

Com as aglomerações de pessoas nas ruas e outros lugares públicos, com certeza já está aumentando a taxa de transmissão (RT), A RT, segundo os boletins epidemiológicos semanais divulgados pela Prefeitura, já esteve em 1.2, foi para 1.5, depois chegou a cair para 0.9.

“Acima de 1.2 já começa a complicar. Se passar de 2, significa que uma pessoa infectada transmite a doença para mais duas pessoas. Aí já acende o sinal vermelho”, adverte Rosana Linhares.

 

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