Violência em Itabira está mais relacionada ao tráfico de drogas e assaltos no meio rural é pela busca de armas de fogo, afirma delegado
Diferentemente do que se observa acompanhando o noticiário policial nos sites locais, Itabira não é uma cidade mais violenta que outros municípios de igual porte. Segundo o delegado regional Helton Cota, o número de homicídios tentados e consumados, assim como de furtos e roubos no município, não tem crescido com a pandemia, mesmo com o aumento do desemprego e da pobreza.
“Alguns crimes até diminuíram em Itabira, dentre eles aqueles contra o patrimônio, embora tenham ocorridos muitos homicídios tentados e consumados, sobre os quais estamos mais focados no momento”, afirma o delegado regional, que responde pelas investigações da Polícia Civil em 11 municípios.
De acordo com os indicadores operacionais do 26º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, sediado em Itabira, o município registrou 160 crimes violentos de janeiro a agosto deste ano. Crimes violentos são os homicídios, tentados e consumados, estupros, roubos, extorsões mediante sequestro.
Na década, os maiores índices de violência na cidade foram registrados entre 2014 e 2018 – período em que ocorreu a vinda para Itabira de um maior contingente de trabalhadoras de outras cidades para as grandes obras da Vale com o projeto Itabiritos.
Em 2014 o município registrou 382 crimes violentos, tentados e consumados, seguido de 295 em 2015, 351 em 2016 e 296 em 2018.
“Todas as ocorrências são investigadas. 99% dos homicídios que acontecem em Itabira são decorrentes da disputa pelos pontos de venda de drogas”, contabiliza o delegado. “Estão todas mapeadas e estamos desenvolvendo ações especificas para esses locais de maior ocorrência.”
O delegado cita, como exemplo, o bairro Pedreira do Instituto, que tem registro de várias ocorrências, mas que tem reduzido o número de casos, com as ações de investigação da Polícia Civil, ronda preventiva e ostensiva da Polícia Militar. “Isso inibe os autores que acabam migrando para outras localidades, quando não são presos”, é o que constata o delegado.
Assaltos à mão armada causam apreensão na zona rural
Outra preocupação do delegado Helton Cota é com a onda de assaltos praticados por grupos armados e encapuzados, que têm ocorrido na zona rural de Itabira.
“Já sabemos que a maioria desses crimes é cometida pelos mesmos autores, que têm como objetivo subtrair armas de fogo para repor o arsenal apreendido no município pelas forças policiais”, é o que ele constata, com base nas investigações.
Só neste ano, a Polícia Militar apreendeu 54 armas de fogo de diferentes calibres entre grupos rivais do tráfico de drogas.
“Sem armas, esses criminosos buscam repor o arsenal entre sitiantes e fazendeiros, pois sabem que muitos detém a posse de armas em suas propriedades, mesmo que antigas. Subsidiariamente levam o carro para transportar o que mais subtraírem como aparelhos eletrônicos e o que encontrarem. Em um assalto, levaram até cervejas e a carne para o churrasco.”
Investigações
De acordo com as investigações da Polícia Civil, são basicamente dois grupos rivais que têm cometidos esses crimes no município. “Estamos com várias investigações em andamento, umas mais avançadas outras nem tanto. Não vou entrar no mérito dessas investigações para não atrapalhar as apurações.”
Para o delegado, a dificuldade para desbaratar esses grupos tem sido reunir provas, sem quais a Justiça não decreta a prisão dos criminosos. Daí que ele tem insistido para que as vítimas e testemunhas forneçam todas as pistas possíveis.
Para isso, diz, quaisquer características dos assaltantes, mesmo estando encapuzados e com os braços cobertos para encobrir tatuagens e particularidades, como o estilo das roupas, altura, alguma outra peculiaridade ajudam nas investigações para reunir provas.
“As vítimas geralmente estão assustadas e temem por retaliação. Mas o sigilo é garantido”, assegura o delegado, que indica o número de telefone 181 para que se fazer denúncias anônimas que possam levar aos autores desses crimes.
“Sei que o momento é difícil para as vítimas estão amedrontadas depois de ficarem sob o poder de alguém que as ameaçam com armas de fogo. Mas é importante prestar atenção nos detalhes que ajudam a elucidar o crime e reunir provas contra o autor”, pede o delegado.
“Se não há prisão em flagrante, na maioria das vezes nos faltam elementos concretos para pedir a prisão desses criminosos. Sem isso, a polícia prende e a justiça manda soltar por falta de provas”, lamenta.
Aparato de segurança
Enquanto essas prisões não ocorrem, o delegado Helton Cota recomenda aos fazendeiros e sitiantes aumentarem os dispositivos de segurança, cercando a propriedade e, se possível, instalar um circuito de monitoramento.
“Se o proprietário tiver condições, é importante aparelhar as suas propriedades com câmeras. Com imagens fica mais fácil identificar os autores que, mesmo com disfarces, acabam relaxando em algum momento.”
Manter cães de guarda também é recomendado. “Os autores desses crimes buscam por facilidades. Nos locais onde encontram dificuldades para entrar e sair, não vão assaltar. Eles buscam os locais de maior fragilidade e vulnerabilidade”, afirma.
A sangue frio
Outra recomendação é não ter armas de fogo em casa, diz o delegado, contrapondo-se à política armamentista do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que quer ver o povo armado para enfrentar a bandidagem, como se isso não fosse atribuição constitucional exclusiva do Estado.
“As armas de fogo são os objetos de desejos dessas quadrilhas. Algumas poucas pessoas têm a posse e são treinadas, mas são minoria. A maioria não tem treinamento e não é fácil manusear uma arma de fogo. Com isso, a arma acaba sem usada contra o proprietário e seus familiares.”
11 municípios? O delegado dá conta?
Vale S/A + Trabalhadores = Violência. Quem mata mais a Vale S/A ou os Trabalhadores?
99% da violência está ligada a droga? Uaí, então se descriminalizar a droga, Itabira será o paraíso na terra .
Vivo numa cidade que tem as indiscretas câmaras de porta em porta e no entanto a Milícia e outros nos atacam a luz do dia. Atacam as favelas e matam CRIANÇAS… A polícia é formada por maioria de homens pretos, que odeiam as pessoas pobres e pretas e matam de olhos abertos para receberem bônus. Aqui é a Milícia e polícia que fazem o esculacho.
Na favela, em todas as favelas, quando a pessoa é suspeita a polícia age de modo peculiar e sistêmico: chega na casa, sempre de portas abertas, arrebenta a porta, depois destrói a TV e finalmente arrebenta o fogão, isto feito, parte pra agressão às pessoas, e, se tiver algum objeto de valor a polícia rouba. É triste, profundamente triste esta verdade.
Meus olhos se negariam a ver a roça equipada com câmaras. Distorção paisagística… Puta que Paris!, onde chegamos ….
E a bandidagem branca, masculina, de terno, moradores de casa grande, automóveis caros? Onde estão os poderosos?
Política salarial justa e educação cidadã para a polícia reduziria a violência. E é engraçado que a polícia criminaliza a população, nós é que não prestamos, somos bandidas. Entra ano e sai a polícia opera massacrando no combate as drogas e não dá solução, não resolve, continua tudo igualmente violento. Há quantos anos eles combatem as drogas sem resposta positiva?
Instintivamente me afasto da polícia, tenho medo muito medo. Se estou na rua de madrugada não sinto medo dos tais “suspeitos” me sinto mais segura por que é possível haver interlocução, já a polícia não sabe ouvir, ela grita, dá tapa na cara… Morrerei com esse medo e isso significa decadência nacional, ter medo de quem é pago pra nos proteger!
Em Itabira, no meu tempo havia um policial de nome Charles e é a melhor lembrança de polícia que guardo: educado, abordagem firme sem humilhação, identificava os moradores pelo nome, ou seja um cidadão que respeita o cidadão.
O Brasil está governado por um Miliciano por isso a expectativa é de aumento da violência….