Na guerra contra a Covid-19, Prefeitura adquire kits de teste rápido e promete ampliar número de leitos. Itabira ainda aguarda apoio da Vale aos hospitais

Para o enfrentamento da pandemia com o novo coronavírus (Covid-19), a melhor arma é a prevenção, por meio do distanciamento social para quem ainda não está infectado. E também pelo isolamento domiciliar de quem já contraiu o vírus e, sem complicações, pode ser tratado em casa.

Só assim será possível evitar o colapso do sistema de saúde. Em Itabira, desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o mundo vive uma pandemia do novo coronavírus, chamado de Sars-Cov-2, que causa a Covid-19, doença provocada pelo vírus, Prefeitura, hospitais e demais unidades de saúde vem se preparando para um cenário pessimista.

Isso para que, no o caso de a doença chegar com força na região, o sistema municipal de saúde – que atende a uma microrregião com cerca de 220 mil habitantes, podendo-se estender para a macrorregião de referência da Diretoria Regional de Saúde, com 500 mil moradores – ter condições de atender à demanda, sem entrar em colapso.

Mais leitos

Hospitais Nossa Senhora das Dores e Carlos Chagas já estão sendo equipados para o enfrentamento contra o coronavírus. Falta ainda o apoio da Vale, que certamente virá como ajuda humanitária (Fotos: Divulgação)

Nesse confronto a um inimigo invisível, poderoso e que pode ser letal, a Prefeitura anuncia que irá agregar mais 114 leitos exclusivos, que se somarão aos já existentes. No total serão 148 leitos, distribuídos entre os hospitais Nossa Senhora das Dores (HNSD) e o municipal Carlos Chagas (HMCC). Desses, serão 106 leitos clínicos e 42 instalados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

No HNSD a disponibilidade é de 30 respiradores (ventiladores) mecânicos. Já no HMCC a secretária Municipal de Saúde, Rosana Linhares, não informa. Apenas diz que para todos os leitos estão previsto isolamento respiratório. Ainda segundo ela, mais da metade do HMCC ficará disponível para o atendimento a pacientes com sintomas da epidemia.

Se todo esse aparato é suficiente para o confronto, só o tempo dirá. Mas com certeza, somente será suficiente se não ocorrer, de uma só vez, um grande número de infectados em Itabira e na região – e que precisem de atendimento médico-hospitalar.

Se esse número exceder a capacidade de atendimento, pelo número de leitos e dos respiradores mecânicos, com certeza o colapso do sistema será inevitável. Esse triste quadro irá acontecer se houver um grande número de pessoas infectadas ao mesmo tempo com comorbidades – e que, sem atendimento, irão morrer.

Teste rápido

Avião chega da China com 5 milhões de testes rápidos importados pela mineradora Vale. Quantos chegarão a Itabira e região, a empresa não informa: “o governo federal definirá como será a distribuição.”

Nessa mesma corrida armamentista contra o coronavírus, outra ferramenta imprescindível são os testes rápidos. A Prefeitura adquiriu 10 mil kits de testes para o Covid-19 e outros 10 mil para verificar se há infecção pelo vírus da gripe (influenza). A distinção é importante, já que os sintomas são parecidos, mas o tratamento diferenciado.

A expectativa é de esses kits chegarem a Itabira a partir de 13 de abril. Foram adquiridos por meio de uma empresa importadora de equipamentos de saúde. A Prefeitura não informa a procedência. Espera-se que não sejam da China, que tem atrasado as entregas em todo o mundo, pela forte demanda e oferta restrita.

A corrida é também contra o tempo. De acordo com simulação realizada pela Faculdade de Ciências Econômicas (Face), da UFMG, o pico da contaminação está previsto de ocorrer entre 27 de abril e 11 de maio. A estimativa é de infecção de 2,5 milhões de pessoas só em Minas Gerais.

A mineradora Vale também importou 5 milhões de kits de teste rápido – e já chegaram ao país desde 30 de março. Questionada pela reportagem se alguns desses kits viriam para Itabira e região, a empresa nada garantiu. “O governo brasileiro definirá a distribuição”, limitou a responder a sua assessoria de imprensa.

A Vale também não retornou o pedido de informação de como irá participar desse esforço contra o coronavírus, contribuindo para equipar os hospitais de Itabira e da região. Ainda não respondeu, embora o pedido dessa informação tenha sido apresentado há mais de uma semana.

A participação da Vale é imprescindível em tempo de pandemia. Isso não só pelo grande número de trabalhadores diretos e indiretos que a mineradora emprega no município – em torno de 8 mil pessoas, fora os familiares, e os seus empregados na região, que são atendidos em Itabira. É também uma questão de ajuda humanitária, se é que isso realmente importa.

Máscaras e triagem

Contêniner instalado ao lado do Pronto-Socorro Municipal: triagem

Além dos kits de teste rápido, a Prefeitura adquiriu também 20 mil máscaras de proteção. Serão destinadas, exclusivamente, aos trabalhadores de saúde.

São para proteger os que estão diretamente nas trincheiras de enfrentamento contra o Covid-19 – e que salvam a vida das pessoas infectadas por esse vírus que pode ser mortal.

Para fazer a triagem de pessoas com sintomas, que tanto pode ser de gripe como da Covid-19, o primeiro contato será feito fora dos hospitais. Para esse fim, já foi instalado um contêiner em área externa do Pronto-Socorro Municipal, anexo ao HNSD.

 

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