Política, arte e entretenimento marcaram o festival 4ª Arte Especial na praça José Máximo Resende, no bairro Campestre

A praça José Máximo Resende, no bairro Campestre, ficou movimentada na tarde e na noite de sábado (5), com realização do festival 4ª Arte Especial – Por uma Educação Popular e Libertadora, promovido pelo coletivo homônimo, um projeto de extensão universitária de professores, servidores e alunos da Unifei, campus de Itabira.

O festival teve apoio de outros coletivos itabiranos, o que deu o tom da diversidade cultural. Com atividades gratuitas, incluiu diversas atrações, com oficinas pedagógicas, feira de artesanato, além de apresentações musicais.

O festival partiu da premissa de que arte, cultura e política se misturam – e que devem estar juntas na presente conjuntura, marcada pelo corte de verbas nas universidades e, por consequência, de projetos de extensão universitária e pesquisas científicas.

Essa foi a terceira edição do festival, levando a universidade à praça, para se encontrar com o público itabirano num processo interativo e de conhecimento mútuo.

Apresentações

Música, arte, entretenimento: a praça como espaço para o debate (Fotos: Mauro Moura)

A programação cultural valorizou os artistas locais, como por exemplo, a banda alternativa Marvin Darwin, com seu variado estilo musical. O trio Órfãos do Brás, formada por ex-alunos da Escola Livre de Música de Itabira, instalada na Casa do Brás, se apresentou misturando a música pop e o erudita.

A banda 1Verso Paralelo se apresentou com um repertório autoral, transitando entre o reggae e o rap, com letras politizadas, refletindo o momento político que o pais vive, com a abordagem social e existencial.

Karen Daynide e o Movimento HipHop Itabirano foram outras atrações, com participação de rappers locais e com performances dançantes, do Breaking ao Dubstep.

A bateria Calangodum, formada por alunos da Unifei, acompanhada de guitarra e contrabaixo, apresentou-se com uma batida forte e contagiante, também com repertório variado, do samba ao reggae.

Com versões instrumentais de clássicos do jazz e do pop rock, a banda BreakFast Funk foi outra atração do festival. O repertório foi marcado também com algumas musicas autorais, como “Cabelo Vermelho” e “Escolhas”.

Outras atrações foram da DJ Gaia, Fernando Cotonete, Tomate & Bruno.

Politização

Equilíbrio: atividades foram bastante diversificadas

Foi também um festival bastante politizado. E não poderia ser diferente, considerando a proposta do coletivo 4ª Arte – e também pelo momento que o país vive.

Tendo como palavra de ordem Por uma Educação Popular e Libertadora, o palco teve momentos de inteira liberdade para o público se manifestar.

Foram abordados temas como a desigualdade social, o preconceito, a misoginia e o machismo, a questão do negro e do índio, além dos crimes ambientais que ocorrem no país, principalmente com as queimadas na Amazônia.

Outros crimes ambientais de grande proporção também entraram na pauta do festival, como o rompimento das barragens da Vale em Minas Gerais e o repúdio à impunidade.

Educação libertadora

Atividades pedagógicas: conhecimento compartilhado

Os debates procuraram refletir também sobre as precárias condições da educação no país, do ensino básico ao superior. Por uma educação popular e libertadora teve como referência o pedagogo Paulo Freire (1921/97), com a sua pedagogia do oprimido.

Trata-se de uma proposta pedagógica que é um contraponto à educação bancária tradicional, aquela em que o professor tudo sabe, enquanto o estudante é um mero depositário do saber.

Já a educação libertadora suscita o debate e a troca de conhecimento entre o aluno e o professor, partindo da realidade do educando, para que possa transformá-la como protagonista da história. É quando o ato de ensinar se torna também aprendizado.

Privatização

Público itabirano e universitários se encontraram no festival 4ª Arte Especial , na pracinha do Campestre

A crítica ao projeto Future-se, lançado em julho deste ano, também se fez presente na terceira edição do Festival 4ª Arte Especial. Por esse projeto, o governo Bolsonaro encara a universidade brasileira como um espaço de geração de divisas, uma banca de negócios – e não de aprendizagem como processo de conhecimento humanizado e de liberdade.

“Querem acabar com a autonomia universitária, assim como também com o ensino público e gratuito”, denunciam os organizadores do festival. A consequência pode ser o fim das universidades públicas, dos investimentos em projetos de pesquisas, tornando o país mais dependente do conhecimento e de tecnologias estrangeiras.

Para enfrentar todas essas dificuldades, professores, universitários e sociedade devem entender que não há uma saída mágica. “São problemas estruturais e complexos que perpassam, necessariamente, pela popularização do conhecimento científico, alinhado com o popular e tradicional”, explica o professor João Lucas da Silva, um dos coordenadores da 4ª Arte.

2 Comentários

  1. Muita gente resiste e se recusa a querer falar de política, mas precisamos falar sim, até porque isso incomoda alguns que ocupam espaços na política e não interessa a esses que a população participe.

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