De superministro ao abandono e isolamento, Moro se desgasta no governo e pode cair
Rafael Jasovich*
Alçado ao governo Bolsonaro como um “superministro” da Justiça, em pouco tempo Sérgio Moro virou uma espécie de quase nada no ministério que ocupa.
Bolsonaro o desautoriza publicamente pela ‘grande mídia’. E os filhos do presidente fazem a mesma coisa pelas redes sociais. Desmoralizado, Moro pode deixar o barco que ajudou a construir quando prendeu Lula injustamente para dar uma mãozinha ao capitão.
Caindo do pedestal
Moro está “Caindo do pedestal”. Nesse ambiente [de trapalhadas do governo Bolsonaro], Sérgio Moro caiu do pedestal de superministro, desautorizado a nomear uma mera suplente de um mero conselho.
Bolsonaro não acatou nenhum dos sete principais pontos da proposta de Moro para a posse de armas e está desconfiado com o Coaf, que o ministro atraiu para a sua pasta e foi o órgão que flagrou a desenvoltura financeira do motorista Fabrício Queiroz no gabinete do 01 no Rio”
Moro também passou pelo constrangimento de dizer que aceitava ‘o pedido de desculpas’ do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por caixa 2 eleitoral, enquanto o Ministério da Justiça elaborava um projeto justamente para tornar crime o caixa 2.
E vem se enrolando ao falar sobre esse tema, muito sensível para políticos e partidos.
Até quando agüenta?
O presidente da Câmara Federal e o Presidente do Senado retiraram da pauta o projeto de combate a violência de Moro. Além disso, ele foi desqualificado publicamente pelo Maia (presidente da Câmara) que o acusou de “copia e cola” do projeto já apresentado no legislativo pelo hoje ministro do supremo Alexandra Morais.
Com essa confusão toda e os filhos do presidente a mil por hora nas redes sociais, eis a pergunta que não quer calar em Brasília: Sérgio Moro, um ídolo nacional, com grande visibilidade internacional, começa a se arrepender de ter trocado a magistratura pelo governo Bolsonaro? Até quando ele aguenta?
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional