Por falta de pagamento ao HNSD, atendimento cardiológico da Angiocor pode fechar em Itabira

Com cerca de 4 mil procedimentos cardíacos realizados em Itabira, no Hospital Nossa Senhora das Dores (HNSD),  desde que foi inaugurado em 2008, o serviço de hemodinâmica prestado pela Angiocor pode estar com os dias contados no município.

É que nessa quarta-feira (13), a instituição recebeu comunicado da diretoria do HNSD dando prazo até o dia 28 próximo para que sejam encerrados os atendimentos de urgência e emergência de hemodinâmica na unidade hospitalar. Motivo: em decorrência da crise financeira, a Angiocor não tem feito os repasses financeiros devidos ao hospital.

“Foi com surpresa que recebemos o comunicado com a decisão unilateral. Pouco antes o Angiocor havia realizado o pagamento de R$ 10 mil ao hospital”, estranhou o enfermeiro Tiago Muzzi, da Angiocor, em postagem na rede social.

Para ele, a população de Itabira e da região será bastante prejudicada com o fechamento da Angiocor. “Em casos de urgência, emergência e em risco de morte, os pacientes de Itabira e da região que precisarem de procedimentos de hemodinâmica, novamente terão de se deslocar para Belo Horizonte, Ipatinga ou Governador Valadares para fazer cateterismo, angioplastias e arteriografias.”

Segundo o enfermeiro, a Angiocor reconhece seus “compromissos com o HNSD”. Entretanto, afirma Tiago Muzzi, a dívida com o hospital não deveria se sobrepor à função de salvar vidas. Afinal, trata-se de um serviço essencial, uma conquista em benefício da saúde cardíaca da população de Itabira e da região.

Outro lado

Em nota distribuída a imprensa (leia íntegra abaixo), a Irmandade Nossa Senhora das Dores, mantenedora do HNSD, confirma o teor do comunicado de quarta-feira, em que pede o encerramento das atividades da Angiocor por falta de pagamento. Entretanto, não informa o montante da dívida que tem a receber.

Mas afirma que está aberta a negociar a permanência da Angiocor no hospital: “Está programada uma reunião entre os gestores das empresas em questão para a próxima segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019. O INSD mantém sua postura de buscar um acordo que torne viável mantermos a parceria comercial, desde que sejam honrados os compromissos firmados.”

Após ser atendido em Itabira, Ronaldo Magalhães ficou livre de um infarto no ano passado

Quando foi submetido, em setembro do ano passado, a um cateterismo e, posteriormente, a uma angioplastia para colocação de stent, uma prótese usada para desentupir a artéria coronária, o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) foi primeiramente socorrido pelos médicos da Angiocor, o que foi considerado vital para a prevenção de um infarto.

O médico Caio Seródio na Angiocor: serviço salva vidas e corre risco de ser desativado (fotos: Carlos Cruz)

“Demos início a uma propedêutica cardiovascular, que é uma investigação sobre a provável dor torácica que ele sentiu”, contou na ocasião, em entrevista a este site, o médico cardiologista Caio Seródio, diretor-técnico do HNSD. Seródio foi um dos médicos que atendeu o prefeito no HNSD.

No atendimento, foram realizados o eletrocardiograma e um ecocardiograma de urgência, quando foi confirmado que o prefeito não havia sofrido um infarto. Como ele já havia passado por uma intervenção cirúrgica na capital mineira, os seus familiares acharam melhor fazer a sua transferência para o mesmo hospital onde ele havia sido atendido antes.

“Foi por precaução”, assegurou o médico Caio Seródio. De acordo com o médico, tanto o cateterismo como a colocação de stents poderiam ter ocorrido em Itabira. “Esses procedimentos seriam realizados pelo mesmo médico que atendeu o prefeito em 2003, quando pela primeira vez ele teve de fazer cateterismo e colocar dois ou três stents coronários.”

O médico que o atendeu em 2003, em Belo Horizonte, foi o cardiologista Caiser Teixeira de Siqueira Júnior, que também faz parte da equipe da Angiocor, com atendimento no HNSD. “O nosso hospital está preparado para esse tipo de intervenção, com equipes de cardiologistas de plantão 24 horas por dia. Ficam todos de sobreaviso e podem ser acionados a qualquer momento”, assegurou o diretor-clínico do HNSD.

Pois é justamente esse serviço de hemodinâmica, essencial à saúde da população de Itabira e da região, que pode ser desativado no próximo dia 28, caso prevaleça a decisão da direção do HNSD. Que seja feita uma urgente negociação da dívida para esse serviço não ser interrompido. Ou será mais uma fotografia na parede?

Nota de esclarecimento – HNSD

A Irmandade Nossa Senhora das Dores (INSD) vem esclarecer ao público em geral sobre as notícias veiculadas desde quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019, referente à parceira comercial da instituição com a empresa prestadora de serviços médicos Angiocor.

Hospital pode desativar serviço de hemodinâmica por falta de recebimento do que é devido pela Angiocor

A INSD é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, beneficente, filantrópica e de assistência social cujos objetivos são manutenção da saúde da pessoa, assistência médico-hospitalar e atendimento de saúde comunitária.

Em razão de suas relevantes atividades, foram firmadas, ao longo dos anos, diversas parcerias comerciais em que a INSD sempre respeitou os preceitos legais e de ética comercial.

Como não obteve êxito nas diversas tentativas de acordo com a referida empresa (por telefone, e-mails, reuniões e notificações extrajudiciais) e considerando o acúmulo nas pendências financeiras relacionadas à parceria supramencionada e todas as concessões cedidas pela INSD na tentativa de manter a parceria, chegamos num ponto em que é inviável sustentar uma estrutura privada sem o devido retorno para a nossa instituição.

Importante frisar que a INSD solicitou o encerramento das atividades da Angiocor na estrutura atual que funciona dentro do HNSD, porém cabe aos gestores da referida empresa estudar a viabilidade de novas instalações em Itabira.

Está programada uma reunião entre os gestores das empresas em questão para a próxima segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019, onde a INSD mantém sua postura de buscar um acordo que torne viável mantermos a parceria comercial, desde que sejam honrados os compromissos firmados.

 

 

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1 Comentário

  1. Fico triste em saber que a angiocor corre risco de encerramento. Já precisei dos serviços por ela prestados por diversas vezes e fui muitíssimo bem atendido.
    Espero que os administradores e a direção do HNSD achem uma solução. Itabira precisa desse serviço.

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