Trabalhadores da Vale aprovam proposta patronal de 6% de reajuste salarial
Com 1.354 votantes, os trabalhadores da Vale de Itabira aprovaram nessa quinta-feira (29), em duas assembleias realizadas na quadra de esportes da Ativa, o novo acordo coletivo para 2019. Foram apurados 868 votos favoráveis (67,98% dos votos válidos) e 409 contrários à proposta patronal, com 16 votos brancos e 61 abstenções.
Diferentemente do que ocorreu nas assembleias anteriores, a aprovação do acordo coletivo foi pelo voto secreto, expresso em urnas. Nas anteriores, a votação era feita por aclamação.
No entendimento da direção do sindicato, a votação por aclamação, em que o trabalhador levanta a mão para expressar sua escolha, cerceava a livre manifestação do trabalhador, principalmente por ocorrer na frente das chefias. “A transparência da assembleia foi assegurada, assim como a livre manifestação com o voto secreto”, salientou o presidente do sindicato Metabase, André Viana Madeira.
A categoria reivindicava um reajuste salarial de 15%, mas a contraproposta da Vale, aprovada nas duas assembleias, foi de apenas 6%. A empresa concedeu ainda 3,5% de reajuste nos benefícios indiretos, inclusive do cartão alimentação que passa a ser de R$ 745.
Segundo André Viana, a categoria teve outras perdas com a proposta patronal. Entre essas perdas está a redução de 65% para 45% do pagamento do adicional de turno aos empregados que trabalham em regime ininterrupto de revezamento. Para compensar essa perda, os trabalhadores terão um acréscimo de 3,5% em seus salários, que se somam aos 6% concedidos para toda a categoria.
Com a aprovação da proposta patronal, nos próximos dias o sindicato Metabase irá assinar o novo acordo coletivo, mesmo considerando a permanência de alguns pontos considerados “obscuros”.
“A assembleia é soberana, expressa a vontade do trabalhador expressa nas urnas”, acatou o presidente André Viana, mesmo tendo-se posicionado contrário à proposta apresentada pela Vale.
Vale Cultura
Em entrevista, Viana lamentou que nem mesmo a reivindicação de se incluir no acordo a permanência do Vale Cultura foi atendida pela empresa. Pela reivindicação, esse vale seria de R$ 100 mensais.
“Isso demonstra o desinteresse da empresa pelo desenvolvimento cultural de seus empregados”, lamentou. Deixa assim de apoiar os eventos artísticos promovidos na cidade, o que ocorreria com o incentivo para que os seus empregados acompanhem a agenda cultural do município.
Arrocho
Para o vice-presidente do Metabase de Itabira, Carlos “Cacá” Estevam Barroso, a proposta patronal aumenta o achatamento salarial que tem ocorrido nos últimos anos – e que atinge toda a categoria.
“Estamos perdendo direitos e benefícios”, disse ele na assembleia. Cacá se preocupa também com o processo em curso de ampliação dos serviços terceirizados, inclusive de atividades consideradas inerentes à mineração, o que antes da reforma trabalhista era proibido.
“Isso faz parte do ‘pacote de maldades’, que aumenta ainda mais a precarização dos salários e da mão de obra.”
Pesquisa
Uma pesquisa foi realizada entre os trabalhadores presentes nas assembleias sobre pontos conflitantes do acordo coletivo.
Conforme explicou a advogada Dafne Andrade, coordenadora do Departamento Jurídico do sindicato Metabase, com a pesquisa o sindicato se resguarda, como litisconsorte, em caso de uma ação judicial de anulação de alguma cláusula do acordo a ser assinado com a empresa.
“(A pesquisa) servirá de embasamento em futuras ações contra algumas cláusulas do acordo.”
“No entendimento da direção do sindicato, a votação por aclamação, em que o trabalhador levanta a mão para expressar sua escolha, cerceava a livre manifestação do trabalhador, principalmente por ocorrer na frente das chefias”
Ficou implicitamente explicito que a chefia atua como espiã e opressora do trabalhador. Coisa horrorosa!
ô Cacá, o trem ta indo pro brejo!