Em maioria no eleitorado, as mulheres são decisivas na eleição presidencial
*Rafael Jasovich*
Milhares de pessoas se reuniram em 62 cidades brasileiras de 12 estados para protestar contra o deputado federal e candidato à presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro, no último sábado, 29 de setembro. Convocados pelas redes sociais da internet sob o lema “#Elenão”, os protestos contra o candidato contaram com a presença majoritária de mulheres, faixa do eleitorado que mais rejeita o capitão reformado das Forças Armadas.
Embora as mulheres sejam maioria nos protestos, homens também cerraram fileiras contra o que representa essa candidatura. Bandeiras de partidos políticos como PSOL, PT, PDT e PSB puderam ser vistas nas ruas, mas o discurso partidário também não predominou na maior parte das manifestações, que foram organizadas de forma apartidária.
Entre os cartazes e dizeres dos manifestantes, predomina o repúdio à homofobia, ao racismo e ao fascismo, que os participantes associam à candidatura do capitão reformado.
Também no exterior aconteceram mobilizações contra a candidatura presidencial do deputado Jair Bolsonaro. Foram registradas manifestações de brasileiros em Portugal, Irlanda, Alemanha, Espanha e França.
O que as imagens dos atos mostram podem nos levar a algumas considerações.
1.- As mulheres, maioria nos atos, se mobilizaram e participaram como maioria absoluta dos protestos.
2.- Comprovou-se uma grande quantidade de jovens com faixa etária que varia de 16 a 30 anos, e que estavam afastados da política já faz algum tempo.
3.- Todas as raças, credos, orientações sexuais e segmentos da sociedade civil participaram.
Começou, a meu ver, a derrota eleitoral do candidato do PSL, que será derrotado, principalmente, pelas mulheres que ele tanto despreza. Vai ser derrotado pelos negros e pelos homossexuais que ele combate e ataca.
Todas as simulações de institutos de pesquisa indicam que num segundo turno entre Haddad e o ex-capitão, o candidato do PT será eleito para a presidência da República.
Mesmo na cadeia, Lula foi o principal protagonista desta eleição. Se Haddad for eleito será a quinta eleição presidencial que o ex-presidente vence.
Colunistas políticos ligados ao PSDB já admitem a vitória de Fernando Haddad
Caiu como uma bomba a pesquisa CNT/MDA do último domingo (30), que se contrapõe com a divulgada pelo Ibope na segunda-feira. A primeira mostra o primeiro empate técnico entre Haddad (25,2%) e Bolsonaro (28,2%) –e reveste de especial importância por se tratar de um instituto de pesquisa ligado ao PSDB e PMDB.
O resultado da pesquisa indica ainda que o petista é quem mais atrai indecisos. Mas bomba mesmo é a grande mídia já admitir a provável vitória de Haddad.
Em setembro, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) divulgou duas pesquisas feitas pelo instituto MDA. Os resultados induzem à crença de que o candidato do ex-presidente Lula à Presidência, Fernando Haddad, se não vencer a eleição em primeiro turno, vencerá no segundo.
Isso sem falar que Bolsonaro empacou muito bem empacado – na pesquisa de 12 a 15 de setembro tinha 28,2% das intenções de voto e na de 27 e 28 de setembro ele continua exatamente com o mesmo percentual
As chances de Haddad liquidar a fatura até em primeiro turno são tantas que até o colunista antipetista mais ferrenho já se rende ao fato de que a vitória do candidato de Lula – e, por extensão, do próprio Lula – já se configura inevitável.
São dois jornalistas atucanados até a raiz dos cabelos e que não hesitaram, assim como o PSDB de Alckmin, a pular no barco de Michel Temer logo após o golpe que os tucanos patrocinaram na Câmara e no Senado em 2016, com a ajuda de Eduardo Cunha.
Quem não se lembra de Ricardo Noblat, de o Globo, e Eliane Cantanhede, do Estadão, bajulando Temer logo após o golpe contra Dilma Rousseff?
Pois, na opinião desses dois, a vitória de Haddad já é mais do que visível – e assumem que o PT deu a volta por cima… Acredite quem quiser.
Noblat, com menos ênfase, já vê até a tucanada votando em Haddad no segundo turno.
Mas é de Eliane Cantanhêde, a mais furibunda antipetista da imprensa brasileira, ligada, umbilicalmente, a José Serra e Geraldo Alckmin, que vem o maior alento para quem tanto teve que engolir o autoengano com que ela se dopava dia após dia.
Basta ler sua coluna deste domingo (30/9) para entender, caro leitor, que a verdade e a Justiça sempre vencem, não importa quanto tempo leve, pois a verdade é uma força da natureza como o vento ou a chuva.
“Há apenas dois anos, o PT estava liquidado e só venceu em uma das 27 capitais (…) enquanto o PSDB invadia o “cinturão vermelho” e vencia espetacularmente na capital de São Paulo (…) O mundo dá voltas e tudo se inverteu. [Agora], o pânico diante de Bolsonaro, Hamilton Mourão e Paulo Guedes, um exército de trapalhões sem a menor ideia do que fazer no Planalto, alavanca Fernando Haddad”. Citação da colunista.
Apesar de vozes avisarem a esses golpistas que o jogo seria virado na eleição deste ano, preferiram se refugiar em sua eterna confiança no arbítrio, nas arapucas montadas para os adversários sem se dar conta de que “Todo Poder emana do Povo” brasileiro, como ficará claro no domingo que vem.
Quem não entendeu que era correta a estratégia do PT de esticar a candidatura Lula para fortalecer Haddad, como fizeram Cantanhêde e Noblat, entre outros, nada entende de política. E um grande problema para o país é quem não entende de política ficar dando palpite ou insuflando decisões da população.
O famoso “mercado” já se adapta a nova realidade e dá sinais inequívocos de que acredita em Haddad presidente. Dólar recua, bolsa sobe.
Este jornalista que aqui escreve errou um mês atrás quando ainda acreditava que Alkmin podia crescer e ser a opção mais racional para enfrentar o PT. Mas o PSDB está moribundo e o voto do ex-capitão consolidado no campo da direita.
Agora fazer previsões é arriscado, mas como eu sempre arrisquei na minha vida lutando pela democracia e as liberdades públicas, acredito que até sábado (6), Haddad terá superado o hoje primeiro colocado. E irá para o segundo turno com ligeira vantagem.
O segundo turno é outra eleição. Mas não acredito em surpresas desagradáveis para a democracia.
*Rafael Jasovich é jornalista e advogado, membro da Anistia Internacional