Fora do alvo
Marina Procópio de Oliveira*
Mas, afinal, que mal
há em desperdiçar a vida?
Não está aí a vida para que possamos
desperdiçá-la?
Jogá-la fora,
Espicaçá-la,
Espezinhá-la,
Errá-la,
Cansá-la,
Entediá-la,
Envelhecê-la?
Se entre livros, aguardente,
na lama ou no Olimpo,
não há diferença, mas histórias.
E a de vidas lançadas a esmo
são as melhores a
ser encontradas.
Vívidas de sonhos,
ainda se pode atirá-las ao alto,
[Pois voam como um bando de pássaros]
num último tiro ao alvo,
para derradeira diversão dos convivas.
*Marina Procópio é poeta e escritora itabirana. Reside em Belo Horizonte.