“Aqui não temos ‘grupão’. Quem está formando ‘grupão’ é o candidato que anda com João Izael e Mucida”, rebate Ronaldo Magalhães
Nesta segunda e última parte da entrevista concedida a este site Vila de Utopia, na quinta-feira (1), o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) rechaça a acusação de que tenha formado um “grupão” na Prefeitura:
“Não existe isso. Quem está criando um ‘grupão’ é o candidato da oposição. Estão lá, todos juntos, João Izael, Mucida”, rebate o prefeito candidato à reeleição.
Ronaldo Magalhães disputa o cargo de primeiro mandatário do município com mais cinco candidatos: Alexandre “Banana” (PT), Cleverson Boim (Republicanos), Jânio Nunes (PSOL), Marcinho “da Loteria” (Avante) e Marco Antônio Lage (PSB).
Embora tenha, em alguns momentos, manifestado desconforto com a entrevista (“vamos falar de coisas boas, do presente e do futuro”), Magalhães respondeu a todos os questionamentos.
Disse que continua achando a barragem Itabiruçu como sendo a mais segura do país e que confia nas informações técnicas da Vale. Assegura que vem mantendo negociações com a mineradora, com a qual tem feito “parcerias para assegurar o futuro de Itabira após a exaustão de suas minas”. “Os resultados já estão aí com a expansão da Unifei e com o projeto da água.”
Sobre a saúde, Magalhães conta que fez recente check-up e que está tudo em ordem. “Voltei para o pilates. O coração está forte e muito apaixonado”, conta.
Confira na entrevista a seguir. E leia a primeira parte aqui.
Fatos ocorridos no passado têm relação com o que acontece agora. Daí que gostaria de abordar…
Vamos pensar para frente, deixar o passado para lá. Vamos falar das coisas boas que estão acontecendo para Itabira avançar.
Conhecer o passado é importante para entender o presente e projetar o futuro. Nos governos passados foram criados vários factoides, que são promessas de projetos mirabolantes não realizados. Li prometeu trazer a fábrica de MDF (laminados de madeira), Jackson da Hyundai. O senhor prometeu um aeroporto de cargas com financiamento da multinacional Chalieco, estatal chinesa. Foi o seu factoide para melhorar a sua imagem e diminuir a rejeição?
Não tem nada disso. A proposta do aeroporto é acoplada ao parque tecnológico e essa proposta não morreu. É preciso ter um aeroporto próximo ao parque, mas estamos rediscutindo essa proposta, para saber de devemos construir o aeroporto aqui ou se podemos utilizar os que estão próximos.
Estamos tendo a duplicação da 381, no primeiro semestre vai ser publicado o edital para terceirização. E estamos com o projeto de duplicar a rodovia estadual que liga Itabira ao trevo.
O Estado deixou muito claro que não tem condições de investir em estradas, não tem recursos, vamos ter que buscar. Se conseguirmos duplicar a rodovia estadual pode não ser necessário ter um aeroporto em Itabira, se podemos usar os que estão a pouco mais de 100 quilômetros daqui.
Mas as negociações com a China para investir no parque tecnológico não foram suspensas e nem estão canceladas. Os recursos têm que ser aprovados pelo governo federal, não podem ser repassados diretamente ao município.
Se os recursos repassados pela Vale serão somente para a construção dos três prédios, e sem a grana dos chineses, de onde virão os recursos para o parque tecnológico?
Podem sair da Cfem (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), como podem vir também de fontes de incentivo a novas tecnologias. Temos várias opções para captar recursos, inclusive na iniciativa privada.
É fato que esse conjunto de acontecimentos, que culminou com a assinatura da nova parceria com a Vale para ampliação do campus da Unifei, foi bem instrumentalizado para melhorar a imagem do governo.
Não teve essa intenção, mas sim de fazer o que era preciso em prol do desenvolvimento de Itabira, como já vínhamos fazendo. O nosso desgaste foi decorrente de ter recebido uma Prefeitura endividada, sem condições de fazer o que era preciso, a cidade estava toda desestruturada.
Mas mesmo nessa situação de crise, a sua administração priorizou a abertura de novas avenidas, como a Machado de Assis e Espigão. A oposição diz que são obras eleitoreiras às custas de um forte endividamento do município. Como o senhor responde à crítica?
Como já disse, são obras financiadas para serem pagas daqui muitos anos. E que facilitam a mobilidade e integração de dois bairros populosos, as regiões dos bairros João XXIII e Gabiroba.
Prefeito que nos últimos anos fez obras em Itabira foi só eu. Depois de 2004 não tivemos obras em Itabira, é só observar. Só agora. Fiz no meu primeiro governo o canal da Praia, Gabiroba, Mauro Ribeiro. E estou fazendo essas avenidas e também melhorando muitas ruas nos bairros. Vai ao Boa Esperança, Barreiro, Gabiroba, Pedreira e você vai ver ruas pavimentadas que há muitos anos vinham sendo reivindicadas, tudo com ligação de água e esgoto.
A crítica é também que o seu governo pouco investiu no social.
Não é verdade, não fizemos só obras de avenidas, também reformamos escolas, investimos muito nos hospitais, ao invés de fazer um hospital de campanha, gastando muito menos e que ficarão para depois da pandemia.
Entregamos três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e investimos em unidades básicas de saúde. Fizemos concurso público para contratar médicos e enfermeiros. Com o retorno às aulas vamos ter professores concursados na rede municipal.
Investimos muito na zona rural, melhoramos as estradas que estavam há muito tempo esquecidas. Asfaltamos alguns morros. Colocamos água tratada no Carmo e na Serra dos Alves, em Boa Esperança e Chapada, que há muitos anos sofriam com a falta de água.
Foram muitas obras, e eu poderia lembrar de tantas outras, extra avenidas, que foram necessárias. As avenidas são de grande importância para a expansão urbana. A cidade está crescendo no sentido Gabiroba, Machado, João XXIII, Fênix, principalmente agora com a expansão da Unifei.
O que se observa é que muitas melhorias só estão ocorrendo agora no final de seu governo. Isso é porque o que se faz por último é o que fica na lembrança do eleitor?
Fizemos muitas obras antes, como as melhorias para o abastecimento público. Boa Esperança, por exemplo, chegava a ficar quatro, cinco dias sem água. Esse problema agora está resolvido.
Gustavo Milânio, candidato a vice-prefeito: Nós lançamos no início do governo o programa Cidade Limpa, era o que se podia fazer com os poucos recursos disponíveis para limpar a cidade. Foi o nosso primeiro programa instalado.
E por que não deu continuidade? A crítica é também de que o governo está fazendo maquiagem com objetivo eleitoral?
Volto a repetir: antes não dispúnhamos de recursos suficientes para fazer o que era preciso. Só tivemos condições de fazer depois de colocar a casa em ordem e ter recursos para isso.
Mas limpeza de praças desde o primeiro ano estamos cuidando. O problema é que estavam todas com imenso matagal, uma verdadeira mata virgem. Levamos um ano e meio para ajustar as coisas, arrumar a casa.
Se o governo não estava realizando nada, por falta de recursos, é natural que sofra desgaste. Mas não se trata de maquiagem, mas de realizações que só agora o governo teve como fazer por ter colocado as finanças em ordem.
O senhor ainda considera a barragem Itabiruçu como sendo a mais segura do país?
Considero. A Aecom (empresa de consultoria contratada pela Vale por indicação do Ministério Público) tem acompanhado e os relatórios estão dentro da normalidade. Não alterou nada nos últimos tempos.
Está ocorrendo o descomissionamento de alguns diques no Pontal, Rio de Peixe e Santana. E tudo isso está sendo muito bem acompanhado. Nossa Secretaria de Meio Ambiente tem acompanhado de perto, e tenho recebido informações.
A doutora Giuliana (Fonoff, promotora de justiça, curadora do Meio Ambiente) também está acompanhando de perto. Daí que estamos tranquilos por saber que essas estruturas estão estáveis, normais.
Antes, houve denúncias de irregularidades ao CREA e ao Ministério Público Federal pelo engenheiro que era responsável pela obra de alteamento. A própria ANM (Agência Nacional de Mineração) tem apontado falhas no monitoramento da barragem, além das fissuras que apareceram. Mesmo assim o senhor continua endossando a estrutura?
Pelos dados que tenho recebido está tudo dentro da normalidade, não há perigo. A confiança vem também pelo modelo de construção, pela forma em que a barragem foi construída pela própria Vale.
Todas as barragens que romperam tinham sido adquiridas de terceiros. Diferentemente das estruturas de Itabira, as outras não foram construídas por ela. Eu confio nos relatórios e nos dados que a empresa nos têm repassado.
O Comitê Popular dos Atingidos pela Mineração reivindica a remoção dos moradores que estão nas chamadas áreas de autossalvamento, eufemismo para o salve-se quem puder em caso de rompimento, assim como será desativado o presídio. Como o senhor vê essa reivindicação?
Essa é uma questão que envolve Estado e Vale, o município não tem participação direta. Mas não deixo de acompanhar. A Vale apresentou o plano de autossalvamento para o presídio que está sendo avaliado pelo governo do Estado e pela Defesa Civil. Esse novo plano deve ser aprovado, resolvendo a questão (o retorno dos presos transferidos para outros presídios para Itabira).
Mas se será construído um novo presídio, assim como não pode mais haver estruturas industriais abaixo de barragens, não teria também de remover os moradores? Essa é, inclusive, uma das condicionantes da licença de operação da Vale em Itabira.
Não são algumas residências, mas um terço de Itabira. E se tiver de ser feito, tem de ocorrer de forma planejada. Mas estávamos falando do presídio, que está sendo resolvido com a construção de um novo na fazenda Palestina, já tendo iniciado a terraplenagem. Isso é um acordo entre a Vale e o Estado.
E a questão dos moradores que temem pela vida morando abaixo das barragens? Como fica?
Sobre isso aí eu ainda não tenho uma posição formada. Temos que discutir amplamente. Como é que serão retiradas 15 mil moradias de um dia para o outro? Cidade nenhuma fez isso. E eu me sinto seguro com relação às barragens. Não vejo essa necessidade, mas temos que continuar avaliando permanentemente.
A Vale retorna com as obras de alteamento de Itabiruçu ou o senhor acha que isso não irá ocorrer?
No período chuvoso ela não vai retornar com as obras. Isso está sendo avaliado muito bem e passa pelo Ministério Público, com toda uma convergência de dados e informações. Eu não vejo a necessidade de se fazer o alteamento agora, porque a empresa está montando todo um sistema de tratamento a seco, que já teve início.
E está também dispondo rejeitos nas cavas exauridas das Minas do Meio.
Pois é, mas o projeto de execução da obra que está no sistema (para a disposição em pilhas a seco) já vai ter início agora. Talvez não seja preciso fazer o alteamento. A Vale está buscando alternativas.
A empresa encaminhou um novo plano econômico para as minas de Itabira à ANM, que fiscaliza o setor. O senhor está acompanhando?
Está na agência e estamos informados e atentos. Me parece que agora no dia 21 já foram encaminhadas as respostas que o órgão pediu. Já solicitei essas informações.
A Vale pediu sigilo dessas informações e foi acatada. Se ela não apresentar essas informações à Itabira, a Prefeitura irá solicitar a quebra do sigilo?
Já estamos levantando os dados disponíveis para solicitar as informações à Vale. Não creio que isso será preciso (pedir a quebra do sigilo), se podemos conseguir as informações diretamente com a empresa.
A ANM solicita também informações sobre possível contaminação dos aquíferos, como pede o envio de relatórios de reuniões com a comunidade sobre o descomissionamento da minas. Mas isso não está acontecendo…
A Vale irá nos apresentar todas essas questões ambientais. E eu confio nas informações técnicas da Vale e da Aecom.
E quanto ao descomissionamento das minas de Itabira. Qual é a posição da Prefeitura?
A mineração em Itabira ainda não está chegando ao fim, tem muita coisa para acontecer. Não tenho essa expectativa de que o minério irá acabar rápido, existem outros recursos. Mas no momento certo vamos discutir tudo isso com a Vale. (Leia mais aqui).
Para finalizar, temos uma outra questão polêmica…
Vamos falar de coisas boas, tantas coisas boas acontecendo na cidade… Senão, vamos encerrar a entrevista…
É uma oportunidade para o senhor esclarecer e apresentar o seu ponto de vista.
Não vou, não. Vamos interromper a entrevista. É melhor parar por aqui, se você não quer falar das coisas boas, do futuro de Itabira que estamos construindo…
Mas isso já foi apresentado, o senhor já falou de suas realizações
Vamos falar então da candidatura, não vamos ficar falando de coisas do passado. Vamos pensar positivo no futuro de Itabira, não só polemizar.
Tenho só mais uma pergunta. Posso fazer?
Pois então faça.
As oposições o acusa de ter governado em função do “grupão”, que dizem ter relação com a construtora HR Domínio, mais conhecida como MD Predial. Como o senhor se defende?
É a oposição que está formando um “grupão”. Estão lá, todos juntos, João Izael, Mucida, está todo mundo unido agora. O “grupão” está é do outro lado. A construtora HR Domínio é uma empresa itabirana, como tem várias outras…
Tem a Contor, Santa Fé, Vale Verde, todas participam das concorrências e trabalham para a Prefeitura. Como também têm empresas de outras cidades. Temos obras sendo executadas por empresas de Belo Horizonte.
E várias outras empresas pequenas, que participam das obras menores. E todas são contratadas mediante licitação. Hoje esse processo é muito mais democrático e transparente do que era há dez anos.
O senhor não teme futuras investigações sobre possíveis superfaturamentos ou mesmo concorrências cruzadas?
Nada temo, temos agido com transparência e lisura. Pode ter qualquer investigação, nada tenho a temer. Está tudo aberto e o processo é transparente.
Para concluir a nossa entrevista, apresente uma mensagem final aos eleitores.
Espero merecer o voto do itabirano para continuar o nosso trabalho. Avalio que fizemos o melhor governo que Itabira teve nos últimos anos. Vamos reiniciar um governo sem dívidas, com uma administração organizada, com novos servidores concursados, devemos já ter entre 400/500 novos servidores admitidos por concurso e que certamente irão revigorar o serviço público.
Temos ainda em curso o projeto da Unifei com o Parque Tecnológico e a questão da água também está bem encaminhada, um problema que vem se arrastando há mais de 30 anos.
Temos muitos projetos para o futuro e estamos mais bem preparados que qualquer outro candidato. Temos experiência, relacionamento externo, temos programas e projetos bem estruturados. Por isso sou o melhor candidato.
E a saúde, está bem?
A coluna está um pouco ruim, tenho umas hérnias. E tinha parado com exercícios físicos, mas voltei agora para o Pilates. Eu acredito que com mais três meses já estarei bem.
E o coração, tranquilo?
Está forte e muito apaixonado. Tive uma intervenção para colocação de stent. Fiz revisão há pouco e está ótimo. Pronto para continuar trabalhando em benefício de Itabira.
Dorothea indignada volta a atacar e questionar o Prefeito dessa urbe. Passado o final de semana sem água no bairro Colina da Praia, hoje, terça feira estamos na mesma situação. O que ele fala sobre a questão da água e balela. Não tem água e creio que não é somente no bairro, mas em grande parte no sistema de abastecimento denominado caixa do milhão onde alguns bairros São contemplados. Está faltando água e o anel hidráulico não cumpre o prometido. Outra coisa: a coleta de lixo está uma lástima, deixaram para trás vários resíduos pelo bairro que ficaram amontoadas nas ruas do bairro. Não venha com chorumelas! Fazer obras eleitoreiras em final de mandato não cola mais! Lembrando também que Itabira ganhou da Vale um usina de beneficiamento de agregados, onde seriam beneficiados restos da construção civil e que a prefeitura desprezou.
Ronaldo vai fazer 7O anos no ano que vem.
Acho uma temeridade eleger alguém com essa idade para prefeito de Itabira.
Quem votar em nele pode estar elegendo seu vice, Gustavo Milânio.
Quero fazer um questionamento ao Sr Prefeito, Ronaldo Lage Magalhães. Moro no bairro Colina da Praia, e estamos com um problema sério com falta de água no Bairro. Ficamos sem água entre os dias 1 a 4 de outubro, quando pingou algumas gotas de água em nossas caixas. Novamente a partir do dia 5 até 7 /10 até às 17:00 o sistema não foi restabelecido. Quando questionamos o SAAE a resposta é de que entrou ar no sistema e que estão corrigindo. Nós como consumidores exigimos uma resposta. Ou seremos obrigados a buscar o Ministério Público para valer a lei do consumidor. Mas a pergunta que faço a seguinte: é dessa forma que você quer se reeleger?